São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

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Hotel Sofitel sairá da Costa do Sauípe

Resort da Previ, na Bahia, teve prejuízo estimado por analistas em quase R$ 850 mi desde a sua inauguração, em 2000

Principal problema seria de gestão; sucessor da Accor deverá ser a rede espanhola Riu Hotels, que ainda não tem negócios no Brasil


CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e o grupo hoteleiro Accor anunciaram ontem que a operadora de origem francesa sairá do resort Costa do Sauípe, na Bahia, onde operava um hotel da marca Sofitel. A saída acontecerá em agosto e, segundo pessoas próximas à negociação, o hotel deverá ser administrado pelo grupo espanhol Riu Hotels & Resorts, que ainda não está presente no Brasil.
"A Previ e o Accor chegaram à conclusão de que têm estratégias de negócio diferentes e decidimos, sem qualquer crise, partir para a separação amigável", diz Roland de Bonadona, diretor geral da Accor Hotels.
A solução para as diferenças entre Accor e Previ pode ter sido encontrada sem conflito. Porém, segundo especialistas, Sauípe ainda enfrenta problemas sérios. Comprado do grupo Odebrechet há quase dez anos, por mais de US$ 250 milhões, o resort chegou ao equilíbrio financeiro apenas em 2006. Analistas de mercado estimam, entretanto, que o prejuízo somado nos seis anos de operação da Costa do Sauípe alcance cerca de R$ 850 milhões.
Procurada pela Folha, a Previ não se manifestou até o fechamento desta edição.

Problemas em série
As principais dificuldades referem-se à gestão da própria Previ no negócio. Criada para administrar o resort, a Sauípe S.A. fez com que os quatro hotéis da Costa do Sauípe fossem incluídos na categoria cinco estrelas e acabassem concorrendo entre si.
Além disso, não teria feito investimentos programados em marketing e na renovação do complexo. Tampouco teria investido em sinergias e ganhos de produtividade entre as diversas marcas.
"Para garantir altos índices de ocupação, algumas marcas começaram a fazer pacotes com grandes operadoras de turismo, com tudo incluído", diz um analista. "Isso canibalizou alguns hotéis, como o próprio Sofitel, que quis manter o padrão de qualidade."
O diretor de um resort concorrente também afirma que faltou à Sauípe S.A. saber se reprogramar diante das mudanças no mercado, que afetaram seriamente o turismo para o Nordeste neste ano. Entre os problemas estão o apagão aéreo, a concorrência com os cruzeiros e o fortalecimento do real. "Com o dólar barato, os turistas brasileiros preferem ir para o exterior do que para um resort na Bahia", diz ele.
Somadas todas as condições desfavoráveis, a ocupação do setor despencou. Nos quatro primeiros meses deste ano os resorts tiveram queda de 20% em suas taxas de hóspedes em relação a 2006.

Planos
Com a saída de Sauípe, a Accor, maior rede hoteleira do país, com 135 hotéis, continua investindo em expansão.
A empresa deverá colocar sua marca em 50 novos hotéis entre este e o próximo ano, e prevê a abertura de um novo Sofitel em Buenos Aires, além da renovação do Sofitel do Rio de Janeiro.
Segunda maior rede hoteleira da Espanha, a Riu Hotels tem 110 hotéis em 18 países. De administração familiar, concorre diretamente com o também espanhol IberoStar.
"A saída do Accor e a entrada do provável candidato pode fazer com que essa área da Bahia se transforme em destino de turismo de massa", afirma Ricardo Mader, sócio da Hotel Investment Advisors (HIA), consultoria especializada em investimentos em hotelaria.


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