|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hotel Sofitel sairá da Costa do Sauípe
Resort da Previ, na Bahia, teve prejuízo estimado por analistas em quase R$ 850 mi desde a sua inauguração, em 2000
Principal problema seria de gestão; sucessor da Accor deverá ser a rede espanhola Riu Hotels, que ainda não tem negócios no Brasil
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Previ, fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil, e o grupo hoteleiro Accor
anunciaram ontem que a operadora de origem francesa sairá
do resort Costa do Sauípe, na
Bahia, onde operava um hotel
da marca Sofitel. A saída acontecerá em agosto e, segundo
pessoas próximas à negociação,
o hotel deverá ser administrado pelo grupo espanhol Riu Hotels & Resorts, que ainda não
está presente no Brasil.
"A Previ e o Accor chegaram
à conclusão de que têm estratégias de negócio diferentes e decidimos, sem qualquer crise,
partir para a separação amigável", diz Roland de Bonadona,
diretor geral da Accor Hotels.
A solução para as diferenças
entre Accor e Previ pode ter sido encontrada sem conflito.
Porém, segundo especialistas,
Sauípe ainda enfrenta problemas sérios. Comprado do grupo Odebrechet há quase dez
anos, por mais de US$ 250 milhões, o resort chegou ao equilíbrio financeiro apenas em
2006. Analistas de mercado estimam, entretanto, que o prejuízo somado nos seis anos de
operação da Costa do Sauípe alcance cerca de R$ 850 milhões.
Procurada pela Folha, a Previ não se manifestou até o fechamento desta edição.
Problemas em série
As principais dificuldades referem-se à gestão da própria
Previ no negócio. Criada para
administrar o resort, a Sauípe
S.A. fez com que os quatro hotéis da Costa do Sauípe fossem
incluídos na categoria cinco estrelas e acabassem concorrendo entre si.
Além disso, não teria feito investimentos programados em
marketing e na renovação do
complexo. Tampouco teria investido em sinergias e ganhos
de produtividade entre as diversas marcas.
"Para garantir altos índices
de ocupação, algumas marcas
começaram a fazer pacotes
com grandes operadoras de turismo, com tudo incluído", diz
um analista. "Isso canibalizou
alguns hotéis, como o próprio
Sofitel, que quis manter o padrão de qualidade."
O diretor de um resort concorrente também afirma que
faltou à Sauípe S.A. saber se reprogramar diante das mudanças no mercado, que afetaram
seriamente o turismo para o
Nordeste neste ano. Entre os
problemas estão o apagão aéreo, a concorrência com os cruzeiros e o fortalecimento do
real. "Com o dólar barato, os turistas brasileiros preferem ir
para o exterior do que para um
resort na Bahia", diz ele.
Somadas todas as condições
desfavoráveis, a ocupação do
setor despencou. Nos quatro
primeiros meses deste ano os
resorts tiveram queda de 20%
em suas taxas de hóspedes em
relação a 2006.
Planos
Com a saída de Sauípe, a Accor, maior rede hoteleira do
país, com 135 hotéis, continua
investindo em expansão.
A empresa deverá colocar
sua marca em 50 novos hotéis
entre este e o próximo ano, e
prevê a abertura de um novo
Sofitel em Buenos Aires, além
da renovação do Sofitel do Rio
de Janeiro.
Segunda maior rede hoteleira da Espanha, a Riu Hotels
tem 110 hotéis em 18 países. De
administração familiar, concorre diretamente com o também espanhol IberoStar.
"A saída do Accor e a entrada
do provável candidato pode fazer com que essa área da Bahia
se transforme em destino de
turismo de massa", afirma Ricardo Mader, sócio da Hotel Investment Advisors (HIA), consultoria especializada em investimentos em hotelaria.
Texto Anterior: Justiça condena rede de postos por desfiliação sindical Próximo Texto: Cortadores de cana fazem protesto por melhores condições Índice
|