São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

Texto Anterior | Índice

Alta do euro mostra sinais de limitação

Indicadores econômicos ruins da região levaram a moeda a mais baixa cotação diante do dólar e da libra em cinco semanas

Economistas consideram possibilidade de corte de juros por parte do BCE, apesar da resistência mostrada pelo banco até o momento

PETER GARNHAM
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES

DA REDAÇÃO

A especulação de que a alta do euro, que já dura sete anos, esteja chegando ao fim se intensificou na semana passada, quando a moeda unificada européia caiu à sua mais baixa cotação em cinco semanas diante do dólar e da libra, na última quinta-feira, dia 1º.
Muitos economistas estão chegando à conclusão de que o crescimento na zona do euro se desacelerou a ponto de o Banco Central Europeu (BCE) ter de cortar as taxas de juros, sob o risco de prejudicar o crescimento econômico.
Até o momento, a direção do banco vem resistindo a reduzir as taxas de juros, preocupada com a alta da inflação da região, que, em março, chegou a 3,6% na taxa anualizada, o maior nível em 16 anos para o mês.
"No prazo de uma semana, a perspectiva quanto à zona do euro se agravou consideravelmente", disse Carsten Brzerski, da ING Capital Markets. "Os fundamentos econômicos sólidos estão começando a se desfazer", completou.
Indicadores
Recentes dados da zona do euro se provaram decepcionantes, como o sentimento entre as empresas alemães, que de acordo com o cômputo do Instituto Ifo, registrou sua maior queda desde setembro de 2001, enquanto o índice dos executivos de compras da zona do euro também mostra queda.
O índice de confiança na economia da região vem caindo rapidamente, mostrando que a redução do ritmo de crescimento na zona do euro começa a impactar o mercado de trabalho e, conseqüentemente, a vida real. A taxa de abril teve uma queda considerável em relação ao índice de março (99,6) e atingiu o menor nível desde agosto de 2005: 97,1.
A taxa de desemprego no país também caiu menos que o esperado, mostrando que os planos de contratação vêm sendo postergados pelos empregadores. "Esse é um importante indicador para a definição das políticas do BCE, já que as condições do mercado de trabalho são primordiais para nortear as estimativas em relação ao crescimento e inflação", diz Ken Wattret, do BNP Paribas.
A taxa de inflação da região caiu um pouco no mês passado em relação a março, para 3,3%, sugerindo que a pressão sobre os preços pode ter diminuído. Mas a expectativa do Banco Central Europeu é de queda gradual nos próximos 18 meses.
Enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) baixava seus juros em 3,25 pontos percentuais, para 2%, desde que começaram os tumultos no mercado financeiro, no ano passado, e o Banco da Inglaterra reduzia sua principal taxa de empréstimos em 0,75%, para 5%, o Banco Central Europeu manteve inalterada a sua taxa de juros de referência, em 4%.
A divergência entre as tendências de taxas de juros dos três bancos centrais deu aos investidores motivo para continuar comprando euros, o que elevou a moeda européia em 70% diante do dólar desde 2001, e em quase 30% diante da libra. No mês passado, o euro atingiu uma cotação recorde de US$ 1,6018 por euro, diante do dólar, e de 0,8097 libra por euro. Mas desde então caiu em 3,6%, e na quinta-feira estava cotado em US$ 1,5438 dólar e 0,7802 libra, a marca mais baixa desde 25 de março.
O declínio do euro foi exacerbado no dia 1º de maio, última quinta-feira, pela força que o dólar ganhou em função de comentários do Federal Reserve.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: Líder tem carteira virtual com valorização mensal de 30,75%
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.