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Alta do euro mostra sinais de limitação
Indicadores econômicos ruins da região levaram a moeda a mais baixa cotação diante do dólar e da libra em cinco semanas
Economistas consideram possibilidade de corte de juros por parte do BCE, apesar da resistência mostrada pelo banco até o momento
PETER GARNHAM
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES
DA REDAÇÃO
A especulação de que a alta
do euro, que já dura sete anos,
esteja chegando ao fim se intensificou na semana passada,
quando a moeda unificada européia caiu à sua mais baixa cotação em cinco semanas diante
do dólar e da libra, na última
quinta-feira, dia 1º.
Muitos economistas estão
chegando à conclusão de que o
crescimento na zona do euro se
desacelerou a ponto de o Banco
Central Europeu (BCE) ter de
cortar as taxas de juros, sob o
risco de prejudicar o crescimento econômico.
Até o momento, a direção do
banco vem resistindo a reduzir
as taxas de juros, preocupada
com a alta da inflação da região,
que, em março, chegou a 3,6%
na taxa anualizada, o maior nível em 16 anos para o mês.
"No prazo de uma semana, a
perspectiva quanto à zona do
euro se agravou consideravelmente", disse Carsten Brzerski,
da ING Capital Markets. "Os
fundamentos econômicos sólidos estão começando a se desfazer", completou.
Indicadores
Recentes dados da zona do
euro se provaram decepcionantes, como o sentimento entre as empresas alemães, que de
acordo com o cômputo do Instituto Ifo, registrou sua maior
queda desde setembro de 2001,
enquanto o índice dos executivos de compras da zona do euro
também mostra queda.
O índice de confiança na economia da região vem caindo rapidamente, mostrando que a
redução do ritmo de crescimento na zona do euro começa
a impactar o mercado de trabalho e, conseqüentemente, a vida real. A taxa de abril teve uma
queda considerável em relação
ao índice de março (99,6) e
atingiu o menor nível desde
agosto de 2005: 97,1.
A taxa de desemprego no país
também caiu menos que o esperado, mostrando que os planos de contratação vêm sendo
postergados pelos empregadores. "Esse é um importante indicador para a definição das políticas do BCE, já que as condições do mercado de trabalho
são primordiais para nortear as
estimativas em relação ao crescimento e inflação", diz Ken
Wattret, do BNP Paribas.
A taxa de inflação da região
caiu um pouco no mês passado
em relação a março, para 3,3%,
sugerindo que a pressão sobre
os preços pode ter diminuído.
Mas a expectativa do Banco
Central Europeu é de queda
gradual nos próximos 18 meses.
Enquanto o Federal Reserve
(Fed, o banco central dos Estados Unidos) baixava seus juros
em 3,25 pontos percentuais,
para 2%, desde que começaram
os tumultos no mercado financeiro, no ano passado, e o Banco da Inglaterra reduzia sua
principal taxa de empréstimos
em 0,75%, para 5%, o Banco
Central Europeu manteve inalterada a sua taxa de juros de referência, em 4%.
A divergência entre as tendências de taxas de juros dos
três bancos centrais deu aos investidores motivo para continuar comprando euros, o que
elevou a moeda européia em
70% diante do dólar desde
2001, e em quase 30% diante da
libra. No mês passado, o euro
atingiu uma cotação recorde de
US$ 1,6018 por euro, diante do
dólar, e de 0,8097 libra por euro. Mas desde então caiu em
3,6%, e na quinta-feira estava
cotado em US$ 1,5438 dólar e
0,7802 libra, a marca mais baixa desde 25 de março.
O declínio do euro foi exacerbado no dia 1º de maio, última
quinta-feira, pela força que o
dólar ganhou em função de comentários do Federal Reserve.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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