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Commodities puxam alta no saldo comercial
Com queda nas importações, superávit chega a US$ 6,7 bi de janeiro a abril, aumento de 50% ante o mesmo período de 2008
Avanço é puxado pela China,
que passa os EUA como maior
destino de vendas, mas perfil
da exportação piora com
recuo nos manufaturados
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As exportações para a China
ajudaram o país a fechar os
quatro primeiros meses do ano
com um saldo comercial de
US$ 6,7 bilhões, o que representa um crescimento de
49,4% na comparação com o
mesmo período de 2008.
Mas a notícia positiva em
meio à aguda crise global traz
outra, negativa: o aumento da
participação dos produtos básicos na pauta de exportações
brasileira em detrimento dos
produtos manufaturados.
O peso das commodities nas
exportações totais saiu de
32,8% em abril de 2008 para
45,4% no mês passado. Em
março, estava em 39%. Os manufaturados representavam
51,8% das vendas em abril do
ano passado; agora, são 40,9%.
Em abril, só a exportação de
produtos básicos apresentou
alta (27,4%) na comparação ante igual período de 2008. As
vendas registraram valor recorde para meses de abril (US$
5,6 bilhões). O maior destaque
foi petróleo bruto, além de minério de ferro, farelo de soja e
soja em grãos.
O setor exportador encara
com preocupação a mudança e
diz que houve uma volta a patamares da década de 1980.
"O superávit de abril isolado
foi excelente, mesmo com queda de exportações e importações. Mas no mês, pela primeira vez desde os anos 80, os produtos básicos superaram os
manufaturados nas exportações", disse o vice-presidente
da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José
Augusto de Castro.
Para ele, dificilmente o Brasil
conseguirá exportar produtos
manufaturados para o mercado
chinês. O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral,
afirma que o aumento da venda
de produtos básicos ocorreu
porque a crise reduziu em
maior escala a demanda por
produtos industrializados.
No quadrimestre, a venda de
produtos básicos ficou em
39,6% das exportações. Nos
primeiros quatro meses de
2008, estava em 30,4%. No período, as exportações totais somaram US$ 43,5 bilhões, e as
importações, US$ 36,8 bilhões.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), o setor manufaturado brasileiro tem sido o mais
afetado pela crise econômica. O
instituto aponta que abril foi o
quarto mês seguido em que as
exportações desses produtos tiveram desempenho pior que os
demais tipos de mercadoria.
China
Em um processo acelerado
pela crise econômica e que ajuda a explicar a piora no perfil
exportador do Brasil, a China
superou os EUA e, no mês passado, passou a ser o principal
parceiro comercial do país.
Foi a primeira vez desde a década de 1930 em que os EUA
perderam o posto de principal
parceiro comercial brasileiro, e
a tendência é que a Ásia se consolide na liderança da corrente
de comércio, avalia o Ministério do Desenvolvimento.
Em abril, a soma da compra e
da venda de produtos entre
Brasil e China alcançou US$ 3,2
bilhões, enquanto a corrente de
comércio com os EUA foi de
US$ 2,8 bilhões. "É um dado
histórico. Não quer dizer que
vai se estabilizar, pois esperamos a recuperação da corrente
de comércio com os EUA a partir de 2010. Mas, de qualquer
forma, a Ásia vai se consolidar
como principal parceiro do
Brasil", disse Barral.
No mês, a média diária de exportações para o mercado chinês cresceu 76,4% ante abril de
2008. Para os EUA, caiu 23,8%.
Já as importações de produtos
chineses caíram 26,4% no período, ante uma redução de
19,1% nas compras dos EUA.
O forte aumento das vendas à
China foi um dos motivos para
a melhora do saldo comercial
em abril. A balança ficou positiva em US$ 3,7 bilhões.
O Ministério do Desenvolvimento avalia, porém, que o
crescimento do comércio com
a China traz preocupações porque a pauta de exportação é
centrada em produtos básicos.
Em abril, outros países da
Ásia também aumentaram a
compra de produtos brasileiros, como Taiwan -cujas importações do Brasil cresceram
100% de março para abril.
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