São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009

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Commodities puxam alta no saldo comercial

Com queda nas importações, superávit chega a US$ 6,7 bi de janeiro a abril, aumento de 50% ante o mesmo período de 2008

Avanço é puxado pela China, que passa os EUA como maior destino de vendas, mas perfil da exportação piora com recuo nos manufaturados


JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As exportações para a China ajudaram o país a fechar os quatro primeiros meses do ano com um saldo comercial de US$ 6,7 bilhões, o que representa um crescimento de 49,4% na comparação com o mesmo período de 2008.
Mas a notícia positiva em meio à aguda crise global traz outra, negativa: o aumento da participação dos produtos básicos na pauta de exportações brasileira em detrimento dos produtos manufaturados.
O peso das commodities nas exportações totais saiu de 32,8% em abril de 2008 para 45,4% no mês passado. Em março, estava em 39%. Os manufaturados representavam 51,8% das vendas em abril do ano passado; agora, são 40,9%.
Em abril, só a exportação de produtos básicos apresentou alta (27,4%) na comparação ante igual período de 2008. As vendas registraram valor recorde para meses de abril (US$ 5,6 bilhões). O maior destaque foi petróleo bruto, além de minério de ferro, farelo de soja e soja em grãos.
O setor exportador encara com preocupação a mudança e diz que houve uma volta a patamares da década de 1980.
"O superávit de abril isolado foi excelente, mesmo com queda de exportações e importações. Mas no mês, pela primeira vez desde os anos 80, os produtos básicos superaram os manufaturados nas exportações", disse o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro.
Para ele, dificilmente o Brasil conseguirá exportar produtos manufaturados para o mercado chinês. O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, afirma que o aumento da venda de produtos básicos ocorreu porque a crise reduziu em maior escala a demanda por produtos industrializados.
No quadrimestre, a venda de produtos básicos ficou em 39,6% das exportações. Nos primeiros quatro meses de 2008, estava em 30,4%. No período, as exportações totais somaram US$ 43,5 bilhões, e as importações, US$ 36,8 bilhões.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o setor manufaturado brasileiro tem sido o mais afetado pela crise econômica. O instituto aponta que abril foi o quarto mês seguido em que as exportações desses produtos tiveram desempenho pior que os demais tipos de mercadoria.

China
Em um processo acelerado pela crise econômica e que ajuda a explicar a piora no perfil exportador do Brasil, a China superou os EUA e, no mês passado, passou a ser o principal parceiro comercial do país.
Foi a primeira vez desde a década de 1930 em que os EUA perderam o posto de principal parceiro comercial brasileiro, e a tendência é que a Ásia se consolide na liderança da corrente de comércio, avalia o Ministério do Desenvolvimento.
Em abril, a soma da compra e da venda de produtos entre Brasil e China alcançou US$ 3,2 bilhões, enquanto a corrente de comércio com os EUA foi de US$ 2,8 bilhões. "É um dado histórico. Não quer dizer que vai se estabilizar, pois esperamos a recuperação da corrente de comércio com os EUA a partir de 2010. Mas, de qualquer forma, a Ásia vai se consolidar como principal parceiro do Brasil", disse Barral.
No mês, a média diária de exportações para o mercado chinês cresceu 76,4% ante abril de 2008. Para os EUA, caiu 23,8%. Já as importações de produtos chineses caíram 26,4% no período, ante uma redução de 19,1% nas compras dos EUA.
O forte aumento das vendas à China foi um dos motivos para a melhora do saldo comercial em abril. A balança ficou positiva em US$ 3,7 bilhões.
O Ministério do Desenvolvimento avalia, porém, que o crescimento do comércio com a China traz preocupações porque a pauta de exportação é centrada em produtos básicos.
Em abril, outros países da Ásia também aumentaram a compra de produtos brasileiros, como Taiwan -cujas importações do Brasil cresceram 100% de março para abril.


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