São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsas ignoram "tombo" na China e têm dia normal

Para operadores, mercado acionário chinês é isolado e, por isso, não influencia

Dólar sobe para R$ 1,928 e Bovespa cai 0,34%; mercado fala em possível ajuste nos juros na BM&F se BC não cortar Selic em 0,5 ponto


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Xangai teve ontem uma baixa de 8,3%, a segunda maior na década, com os rumores de que a China prepara novas medidas para frear a alta das ações, que já subiram 50% neste ano. A novidade é que, pela segunda vez seguida, os mercados internacionais praticamente ignoraram o fato.
A leitura agora é que a economia chinesa, que cresce a um ritmo anual de 9,6% há três décadas, continua sim importante, mas que seu mercado acionário não é relevante. Isso porque a Bolsa chinesa vive isolada do restante do mundo -estrangeiros não participam das negociações e os chineses não podem investir em ações fora do país. Não há mercados futuros nem operações de "day-trade" (no mesmo dia).
Vale lembrar que a mesma Bolsa de Xangai arrastou mercados internacionais em 27 de fevereiro, quando recuou 9%.
"Ficou nítido que, desde a semana passada, o mercado não dá mais bola para a China. É um mercado fechado que procura medidas de proteção. Há bolha porque é fechada. É um problema deles", disse Fausto Gouveia, da corretora Alpes.
"A China é sempre uma preocupação, mas desta vez foram apenas rumores de novas medidas. Se na sexta, após o aumento de imposto, já não teve impacto, agora muito menos", disse Felipe Cunha, da Brascan.
Na madrugada da sexta, a China elevou o imposto sobre a Bolsa de 0,1% para 0,3% -ainda menor do que a CPMF brasileira, de 0,38%. Junto de aumentos homeopáticos nos juros e em depósitos compulsórios, a China tenta frear a escalada do preço das ações, cuja "exuberância irracional" foi alvo no final do mês passado de alerta de Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve (o BC dos EUA).
Nas primeiras horas do dia, a baixa na China chegou a pressionar os negócios na Bolsa de Nova York, que depois manteve-se em alta com expectativa de recompra de ações do Wal Mart. Encerrou com alta de 0,06% no índice Dow Jones e de 0,18% no S&P 500.
No Brasil, a Bovespa teve baixa de 0,34% e voltou aos 53.242 pontos no Ibovespa. A Bolsa teve volume recorde de R$ 15,025 bilhões em negociações por conta do leilão de compra de ações da Arcelor, que somou R$ 10 bilhões e fechou o capital.
No mercado de câmbio, o dólar teve alta de 1,15% e voltou a ser vendido a R$ 1,928. Mais uma vez o Banco Central entrou no mercado comprando dólares pouco antes do fechamento. A autoridade monetária adquiriu um volume estimado em pelo menos US$ 500 milhões a R$ 1,9279.
"É uma semana de espera por conta do Copom. Mas vimos muitos compradores. Se a Bolsa se recuperar, o dólar pode voltar para R$ 1,90", disse José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação.
Mais do que a China, a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) é o assunto mais discutido entre os operadores. A expectativa é que a taxa Selic recue amanhã de 12,5% para 12% ao ano. Mesmo assim, há o temor de que alguma decisão fora do script possa estragar o feriado prolongado de Corpus Christi, na quinta.
"Não consigo pensar em outra decisão além de corte de 0,5 ponto. Mas, se o Copom reduzir os juros em 0,25 ou 0,75, teremos ajustes na BM&F na sexta", disse Felipe Cunha.


Texto Anterior: Classe média trabalha até hoje só para o pagamento de tributos, diz instituto
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.