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Bolsas ignoram "tombo" na China e têm dia normal
Para operadores, mercado acionário chinês é isolado e, por isso, não influencia
Dólar sobe para R$ 1,928 e Bovespa cai 0,34%; mercado fala em possível ajuste nos
juros na BM&F se BC não cortar Selic em 0,5 ponto
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Xangai teve ontem
uma baixa de 8,3%, a segunda
maior na década, com os rumores de que a China prepara novas medidas para frear a alta
das ações, que já subiram 50%
neste ano. A novidade é que, pela segunda vez seguida, os mercados internacionais praticamente ignoraram o fato.
A leitura agora é que a economia chinesa, que cresce a um
ritmo anual de 9,6% há três décadas, continua sim importante, mas que seu mercado acionário não é relevante. Isso porque a Bolsa chinesa vive isolada
do restante do mundo -estrangeiros não participam das negociações e os chineses não podem investir em ações fora do
país. Não há mercados futuros
nem operações de "day-trade"
(no mesmo dia).
Vale lembrar que a mesma
Bolsa de Xangai arrastou mercados internacionais em 27 de
fevereiro, quando recuou 9%.
"Ficou nítido que, desde a semana passada, o mercado não
dá mais bola para a China. É um
mercado fechado que procura
medidas de proteção. Há bolha
porque é fechada. É um problema deles", disse Fausto Gouveia, da corretora Alpes.
"A China é sempre uma preocupação, mas desta vez foram
apenas rumores de novas medidas. Se na sexta, após o aumento de imposto, já não teve
impacto, agora muito menos",
disse Felipe Cunha, da Brascan.
Na madrugada da sexta, a
China elevou o imposto sobre a
Bolsa de 0,1% para 0,3% -ainda menor do que a CPMF brasileira, de 0,38%. Junto de aumentos homeopáticos nos juros e em depósitos compulsórios, a China tenta frear a escalada do preço das ações, cuja
"exuberância irracional" foi alvo no final do mês passado de
alerta de Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve
(o BC dos EUA).
Nas primeiras horas do dia, a
baixa na China chegou a pressionar os negócios na Bolsa de
Nova York, que depois manteve-se em alta com expectativa
de recompra de ações do Wal
Mart. Encerrou com alta de
0,06% no índice Dow Jones e
de 0,18% no S&P 500.
No Brasil, a Bovespa teve baixa de 0,34% e voltou aos 53.242
pontos no Ibovespa. A Bolsa teve volume recorde de R$ 15,025
bilhões em negociações por
conta do leilão de compra de
ações da Arcelor, que somou R$
10 bilhões e fechou o capital.
No mercado de câmbio, o dólar teve alta de 1,15% e voltou a
ser vendido a R$ 1,928. Mais
uma vez o Banco Central entrou no mercado comprando
dólares pouco antes do fechamento. A autoridade monetária
adquiriu um volume estimado
em pelo menos US$ 500 milhões a R$ 1,9279.
"É uma semana de espera por
conta do Copom. Mas vimos
muitos compradores. Se a Bolsa se recuperar, o dólar pode
voltar para R$ 1,90", disse José
Roberto Carreira, gerente de
câmbio da corretora Novação.
Mais do que a China, a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) é o assunto mais discutido entre os
operadores. A expectativa é que
a taxa Selic recue amanhã de
12,5% para 12% ao ano. Mesmo
assim, há o temor de que alguma decisão fora do script possa
estragar o feriado prolongado
de Corpus Christi, na quinta.
"Não consigo pensar em outra decisão além de corte de 0,5
ponto. Mas, se o Copom reduzir
os juros em 0,25 ou 0,75, teremos ajustes na BM&F na sexta", disse Felipe Cunha.
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