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Agrofolha
São Paulo antecipa fim da queima da cana
Prazo anterior, que ia até 2021, foi encurtado para 2014; redução será voluntária, mas quem aderir receberá certificado
Protocolo prevê que em áreas com inclinações, que tinham prazo final em
2031, queima terá de ser interrompida em 2017
Victor R. Caivano/Associated Press
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O vice-presidente José Alencar (terceiro a partir da esquerda), durante a abertura do seminário sobre alternativas energéticas |
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A fOLHA
A queima da palha de cana
nas áreas mecanizáveis do Estado de São Paulo deverá terminar em 2014. O prazo anterior, definido pela lei 11.241,
permitia a queima até 2021.
Esse é o conteúdo de um protocolo assinado ontem entre a
Unica (União da Indústria de
Cana-de-Açúcar), o governador de São Paulo, José Serra
(PSDB), e as secretarias estaduais do Meio Ambiente e de
Agricultura e Abastecimento. O
protocolo foi divulgado ontem
no São Paulo Ethanol Summit,
evento organizado pela Unica.
As áreas com inclinações, e
que tinham data final para a
queima em 2031, vão ter de interrompê-la a partir de 2017. O
protocolo tem caráter voluntário, mas Serra destacou que
quem se ajustar vai receber um
certificado de conformidade
agroambiental. Os demais vão
ter problemas com o Estado.
Serra quer antecipar o fim da
queima porque, com o avanço
da cana no Estado, a área de
queima está aumentando. São
Paulo tem 4,2 milhões de hectares e colheu cana em 3,4 milhões deles em 2006. Dessa
área, em 2,5 milhões a colheita
foi feita com a queima, ou seja,
em 10% do território paulista
(25 milhões de hectares).
A antecipação é necessária
na avaliação dos produtores,
mas o investimento que eles
devem fazer não satisfaz a todos, principalmente os que estão em áreas ainda em fase inicial de mecanização.
"Não será fácil [antecipar]
pelo custo e pela falta de disponibilidade de máquinas. A indústria não está preparada para
atender a essa demanda", diz
Eduardo Pereira de Carvalho,
presidente da Unica. Para João
Sampaio, secretario paulista de
Agricultura, as indústrias têm
capacidade de elevar a produção rapidamente.
Os produtores de novas áreas
também vêem problemas, já
que, pelo protocolo, não poderão fazer queimadas, mas deverão mecanizar a lavoura. Para
avaliar eventuais problemas de
adaptação ao protocolo, será
criado um comitê executivo,
diz Antonio Pádua, da Unica.
Segundo o secretário de
Meio Ambiente, Francisco
Graziano Neto, o governo paulista deverá fazer do protocolo
um projeto de lei que será enviado à Assembléia legislativa.
Energia do século 21
A geoeconomia mundial muda com o avanço da bioenergia.
Essa é a conclusão de vários
participantes das discussões
sobre os desafios da energia no
século 21, ocorrida ontem no
evento em São Paulo.
O Brasil tem todos os elementos para liderar essa corrida pela bioenergia, devido à disponibilidade de terra, água e
baixo custo. Essa liderança passa, no entanto, pela resolução
de vários problemas, que vão da
infra-estrutura a mais investimentos em pesquisas.
O ex-primeiro-ministro da
Espanha Felipe Gonzalez participou da abertura do evento e
destacou alguns aspectos do
desafio energético no mundo,
como a excessiva dependência
dos combustíveis não-renováveis, a necessidade de trazer de
volta o debate sobre o uso de
energia nuclear e a ausência,
nos últimos 30 anos, de estratégias políticas fortes para a renovação do mix energético. "A exceção talvez seja o Brasil."
Rubens Ometto, da Cosan,
crê na expansão da bioenergia,
mas diz que grandes projetos,
como o alcoolduto, não devem
ficar só nas mãos de grandes
empresas, como a Petrobras,
mas ser feitos em parcerias.
O ministro da Agricultura,
Reinhold Stephanes, disse que
o governo deve rever a porcentagem de álcool na gasolina ainda neste mês, devendo voltar
aos 25% (hoje, de 22% a 24%).
Evandro Gueiros, vice-presidente do Sindicom (sindicato
do setor de distribuição), destacou que o alto índice de informalidade no mercado de álcool
hidratado é incompatível com a
posição do Brasil como competidor global no álcool.
Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local
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