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"Lula não favorece nem a família", afirma Teixeira
Advogado nega receber qualquer favorecimento do presidente, seu compadre
Segundo Teixeira, Denise Abreu, ex-diretora da Anac, faz acusações agora porque estaria numa posição de "fraqueza jurídica"
SÉRGIO MALBERGIER
EDITOR DE DINHEIRO
O advogado Roberto Teixeira
negou ontem as acusações feitas pelo empresário Marco Antônio Audi de que teria recebido US$ 5 milhões para "resolver" a venda de ativos da Varig
junto ao governo por causa de
suas relações íntimas com o
presidente Lula, de quem é
compadre. Teixeira ironiza o
fato de Audi ter feito boletim de
ocorrência contra seu sócio de
escritório e genro, Cristiano
Martins, acusando-o de tê-lo
ameaçado fisicamente. "O Audi
que é truculento, dizem que anda com revólver na cintura."
Em entrevista coletiva para
falar das acusações, publicadas
anteontem no jornal "O Estado
de S. Paulo", Teixeira disse que
não comentaria suas relações
com Lula. À Folha disse que "o
Lula, enquanto presidente, não
favorece nem mesmo a família
dele, o que dirá os amigos".
Leia a seguir os principais
trechos da entrevista.
FOLHA - O sr. acusa a Denise Abreu
de atuar contra a Varig na Anac.
ROBERTO TEIXEIRA - Não, vamos
recapitular um pouco. Denise
Abreu trabalhou na Casa Civil.
Antes, tínhamos um órgão chamado DAC [antecessor da
Anac], e ela estava trabalhando
lá. Segundo ela diz, o governo
estava absolutamente preocupado com uma iminente falência do grupo Varig. Então, disse
ela, o governo a havia incumbido de fazer um trabalho para
que as linhas internacionais da
Varig fossem distribuídas para
a TAM e a Gol. Ou seja, ela estava desde a Casa Civil trabalhando com essa vertente. Posteriormente, sabe-se que chegou
a ser gestada, e ela teria sido na
época a mentora, medida provisória que iria exatamente jogar a Varig no colo da TAM. Depois, ela veio para a Anac e, embora a Anac não tivesse regulamentos claros de como seria a
distribuição dos assuntos,
quem seriam os relatores e tudo o mais, é certo de que ela se
arvorou de pronto em ser responsável pelo problema da Varig.
FOLHA - Denise trabalhou na Casa
Civil sob o comando de José Dirceu.
O sr. liga Dirceu às acusações?
TEIXEIRA - Eu não faço essa ligação até porque eu costumo agir
da seguinte forma: eu sou contratado como advogado e minha função é judicial. Eu deixo
as especulações para quem quiser delas fazer uso.
FOLHA - Tem também o episódio
da fotografia do sr. com os proprietários da Gol no elevador do Palácio
do Planalto levando-os ao Lula.
TEIXEIRA - Se citarem as fotos de
todas as empresas que estiveram no gabinete do senhor presidente comunicando aquisições, fusões, interesse de aplicações, vão encontrar uma gama enorme. Dentre elas, a da
Gol, que havia adquirido a Varig. Aquela foto, como todas as
outras, não tem nenhum outro
significado maior. A não ser,
obviamente, [para] quem politizar algo que é empresarial.
FOLHA - Por que politizar?
TEIXEIRA - Eu acredito na fraqueza jurídica da posição [dos
acusadores]. Quem se dispõe a
agir da forma que agiram com
essas declarações é porque se
sentem enfraquecidos juridicamente. Não conheço os processos deles, mas o comportamento enseja que eu pense dessa
forma.
FOLHA - O fato de ser compadre do
presidente ajuda na sua ação junto à
Justiça e órgãos do Executivo?
TEIXEIRA - É evidente que uma
parte da imprensa busca fazer
ilação em relação a toda e qualquer atuação jurídica deste escritório com essa relação. Eu
chego à seguinte conclusão: ou
nós temos grande mérito jurídico ou não temos nenhum.
Tudo aquilo que significa vitória processual deste escritório,
sempre a atribuem a essa relação. São processos que não têm
absolutamente nada de possibilidade política. Por que vocês
insistem em fazer a mesmíssima pergunta [sobre sua relação
com Lula]? Eu disse, certa vez,
que meu nome talvez tivesse sido alterado no registro civil.
Porque ninguém consegue falar do meu nome sem falar
"compadre do Lula" ou o que
emprestou a casa ao presidente. Não é crime. Antes de mais
nada, essa relação nasceu há 27,
28 anos. E nos mantemos amigos até hoje. Mas isso não significa que a gente confunda a posição dele como presidente da República, que eu respeito,
com a amizade que se tem. Ele
representa a República do Brasil, ele tem que cuidar da República como um todo. E me mantenho à distância que liturgicamente é necessária.
FOLHA - Mas no caso específico da
Varig houve envolvimento do Executivo. O próprio presidente manifestou o desejo de mantê-la voando.
TEIXEIRA - Se o senhor for consultar o que os órgãos de imprensa escreveram a respeito
da Varig, vai verificar que havia
críticas homéricas contra aquilo que certos setores entendiam que era desprezo do governo em relação à sorte da Varig. Isso em primeiro lugar. Em
segundo, este escritório trabalha estritamente dentro do
princípio da legalidade. Quando nós fomos lá, batemos à porta da Anac e fomos requerer o
direito dos nossos clientes. Fomos oficialmente. No momento em que entendemos que
nossos direitos estavam sendo
atacados de uma forma [pausa]
irregular, reagimos igualmente
por escrito. Repito, por escrito.
Fizemos uma representação
contra a Denise junto ao Ministério da Defesa.
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