São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

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Petrobras volta a cair e derruba a Bovespa

Queda de 1,91% leva Bolsa abaixo dos 70 mil pontos

DA REPORTAGEM LOCAL

A continuidade da queda do petróleo voltou a abater as ações da Petrobras, que, por sua vez, arrastaram a Bolsa de Valores de São Paulo abaixo dos 70 mil pontos, o que não ocorria desde 9 de maio.
O pregão de ontem terminou com a Bovespa em queda de 1,91%, a 68.673 pontos. O mercado fechou antes de o Copom anunciar a elevação da Selic para 12,25% (mais meio ponto).
A forte dependência do Ibovespa (principal índice da Bolsa) em relação ao desempenho das ações da Petrobras mostra o lado ruim disso nesses momentos. Apenas a ação PN da Petrobras responde por 14,1% do Ibovespa, que agrupa os 66 papéis de maior liquidez.
Ontem, a ação PN da petrolífera teve perdas de 4,57%, e a ON recuou 3,58%.
O que se viu em Nova York foi o petróleo descer mais um pouco. O barril do produto caiu 1,62% ontem, fechando em US$ 122,30. Nas últimas semanas, o petróleo vinha batendo recordes -no dia 21 de maio, o barril fechou cotado a US$ 133,17.
As declarações dadas nesta semana por Ben Bernanke, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), que se mostrou preocupado com o enfraquecimento do dólar, reforçaram a expectativa de que os juros americanos não cairão mais. E isso tem tirado força das commodities.
Outra ação muito relevante para a Bovespa, a PNA da Vale do Rio Doce, fechou em queda expressiva de 3,05%, ontem. Seu papel ON recuou 3,52%. A companhia também acompanha de perto o desempenho das commodities no exterior, por ser uma grande exportadora.
Enquanto a Bovespa começa a se afastar de seus melhores dias, preocupando os investidores, o dólar tem se mantido em baixos patamares.
A moeda norte-americana encerrou ontem estável, vendida a R$ 1,63, em seus menores valores desde janeiro de 1999, quando o governo, em meio a uma crise cambial, decidiu liberar o câmbio.
Mesmo o fraco resultado positivo do fluxo cambial em maio, que ficou em US$ 148 milhões, não estragou o mercado de câmbio.
"Acreditamos que o dólar só deve encontrar espaço para oscilações muito bruscas e acentuadas ante o real se houver algum fato novo relevante. Também não há espaço para quedas mais acentuadas que levem as cotações a romper o patamar de R$ 1,60 de forma definitiva e duradoura", diz Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
"Além das preocupações relativas ao cenário externo, os agentes consideram a perspectiva de que o governo seja mais agressivo nas compras de dólares e de que possa até reduzir as alíquotas de importação de alguns produtos para ajudar no combate à inflação", completa Tavares.
A moeda norte-americana acumula depreciação de 8,27% diante do real em 2008.
A Bovespa, apesar das quedas recentes, ainda registra valorização de 7,49% no ano.
O resultado da Bovespa chama a atenção especialmente se for comparado ao de outras Bolsas de Valores, que enfrentam perdas no ano.
No mercado acionário norte-americano, o que se vê é baixa anual acumulada de 6,59% no índice Dow Jones. A Bolsa eletrônica Nasdaq tem queda de 5,62% neste ano.
Ontem, o índice Dow Jones -que reúne as 30 ações norte-americanas de maior liquidez- recuou 0,10%. Já a Nasdaq subiu 0,91% no pregão.
A Bolsa de Londres terminou ontem com desvalorização de 1,45%. Em 2008, suas perdas estão em 7,40%.
(FABRICIO VIEIRA)


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