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Chinesa Chery não confirma instalação de fábrica no Brasil
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A montadora estatal Chery,
uma das maiores fabricantes de
automóveis da China, colocou
em dúvida a instalação de sua
primeira fábrica no Brasil.
A fábrica de US$ 700 milhões
foi prometida durante visita do
presidente Lula a Pequim no
mês passado e comemorada
pelo governo brasileiro.
"Depende de mais estudos de
mercado, precisamos ver se temos boas vendas em nosso primeiro ano no Brasil", disse à
Folha o vice-presidente da
Chery, Zhou Biren.
Ele diz que um dos objetivos
da empresa é vender 10 mil carros dos modelos QQ3 (1.1) e
Tiggo (utilitário esportivo compacto), que devem começar a
ser comercializados no Brasil
no próximo mês.
"Se não passarmos de 3.000
unidades, é difícil que nossos
acionistas concordem com o
investimento." A empresa tem
um sócio brasileiro como representante, o Grupo JLJ.
A Chery é uma das cinco
maiores montadoras chinesas e
a única 100% nacional. Está
instalada na cidade de Wuhu,
na Província de Anhui, uma das
mais pobres da China.
As vendas da empresa no
mercado chinês caíram em
2008 -356 mil carros ante 381
mil em 2007. O objetivo do ano
era vender 480 mil.
Segurança e pirataria
Com faturamento estimado
em US$ 4 bilhões no ano passado, a montadora foi a maior exportadora do país -130 mil veículos vendidos para 60 países.
Os principais mercados externos são Rússia, Ucrânia, Egito, Síria, Irã, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. Consultores dizem que a Chery tem
se especializado em mercados
emergentes porque ainda não
atinge os padrões de segurança
exigidos na Europa e nos EUA.
Zhou nega. "Se nossos carros
não fossem seguros, nossas exportações não teriam crescido
tanto", diz. "Nos anos 80 e 90,
início de nossa abertura, muitos produtos chineses não
eram muito bons e ficamos
com essa fama."
Ele traça um paralelo com
Japão e Coreia. "Japoneses e
coreanos também tinham fama
de fazer produtos de má qualidade e investiram muito para
melhorar. Eles são nossos grandes concorrentes", afirma.
No último ano, a Chery contratou o mítico estúdio de design italiano Pininfarina, autor
de vários modelos da Ferrari.
No passado, a Chery era mais
reconhecida por piratear modelos de outras montadoras.
Em 2004, a GM entrou com
processo contra a Chery pelas
"excessivas similaridades" com
modelos de sua então subsidiária coreana Daewoo.
A Justiça chinesa encontrou
algumas pequenas diferenças, a
GM foi alertada de que poderia
ter problemas no mercado chinês se continuasse a briga e retirou o processo em 2005.
"Resolvemos o processo pacificamente com a GM", diz
Zhou. "No futuro, outros copiarão a Chery."
Desde 2006, a empresa estuda investimentos na América
do Sul. No ano passado, abriu
uma pequena fábrica no Uruguai, atualmente com cem funcionários, em parceria com o
grupo argentino Socma.
"O Brasil pode ser nossa plataforma para produzir e exportar para o Mercosul e México",
diz o vice-presidente.
Parte das peças seria importada da China e outras seriam
produzidas no Brasil e no Uruguai. "Mas produzir na China
sai pelo menos pela metade do
preço", diz. Os modelos da
Chery ainda não têm motor
flex, mas Zhou diz que a fábrica
chinesa já estuda a produção de
motores que também possam
funcionar com álcool.
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