|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Tomar dinheiro emprestado nunca foi tão barato nos EUA
FLOYD NORRIS
DO "NEW YORK TIMES"
P ara as empresas que precisam de dinheiro, este é um
ótimo momento. Os títulos corporativos são populares entre investidores, e, graças a uma economia fraca e a um banco central
amistoso, as taxas de juros estão
muito baixas.
A General Motors lançou no
mês passado o maior pacote de títulos já emitido por uma empresa
americana (US$ 17,5 bilhões), pagando juros menores e levantando mais dinheiro do que pretendia. A maior parte do dinheiro
acabará nos planos de pensão
tristemente depauperados da
GM.
A atração para os emissores corporativos é dupla. As taxas de juros estão baixas, e os investidores
estão famintos.
Mas a história é diferente para
as ações. As emissões, incluindo
ofertas públicas iniciais e ofertas
secundárias, levantaram US$ 26
bilhões neste ano, o ritmo mais
lento desde 1991. Isso pode refletir
falta de oferta, enquanto empresas esperam para cobrar mais caro depois. Mas, em grande parte, é
falta de demanda.
O mercado de títulos não é como o mercado de ações no que se
trata de transparência de preços.
Quer comprar ações da GM?
Qualquer corretor pode lhe dizer
a cotação. O mercado de títulos é
de intermediários, em que o simples fato de encontrar onde um título está sendo negociado pode
ser difícil.
Segundo Tom Burnett, diretor
de pesquisa da Wall Street Access,
um corretor estava oferecendo
um título da GM com maturação
em 2028 por US$ 0,86,5 de valor
de face, enquanto outro pedia
US$ 0,90.
A variação pode ser muito
maior para títulos "junk" (podres). Uma emissão da Charter
Communications foi oferecida
por uma corretora a US$ 0,5275, e
por outra a US$ 0,695.
Para uma pequena instituição,
descobrir todos os preços disponíveis pode ser um grande trabalho. Para um indivíduo, existe
uma boa chance de que o preço
que ele conseguir seja muito pior
que o melhor existente.
A SEC (Securities and Exchange
Commission, a CVM dos EUA)
tentou ajudar. Há alguns anos,
obrigou o setor a adotar um sistema para relatar preços de vendas,
mas não cotações, de títulos no
prazo de 75 minutos após a negociação. Mas os relatórios não são
fáceis de descobrir, e muitos títulos são isentos.
Por que as isenções? O setor de
corretagem diz que permitir que
os investidores saibam quanto o
corretor pagou por um título dificultaria muito que os corretores
lucrassem alguma coisa. Mercados opacos sempre beneficiam os
de dentro, e não por coincidência
a negociação de títulos é uma das
poucas fontes de lucros confiáveis
que restam em Wall Street.
A Bolsa de Nova York já foi uma
grande força no negócio de títulos
corporativos, mas nos últimos
anos perdeu importância. Enquanto alguns novos títulos estão
listados na Bolsa, a maioria não
está. John Devine, diretor financeiro da GM, pareceu surpreso
quando lhe perguntei se estava
listando os novos títulos na Bolsa.
A emissão conversível será listada, mas as outras não. É uma pena
para os investidores individuais.
A Bolsa também é o único sistema
amplamente disponível que oferece cotações de títulos.
A Bolsa está pressionando a
SEC pelo direito de negociar todos os títulos corporativos registrados. Catherine Kinney, vice-chefe de operações da Bolsa, disse
que espera que o órgão aprove isso neste ano.
Esse plano poderá reduzir os lucros dos corretores de títulos. Mas
os investidores individuais merecem uma melhor informação sobre o mercado.
Tradução de Luiz Roberto Gonçalves
Texto Anterior: Imposto engole maior porção de preço público Próximo Texto: Poupança: Saques superam depósitos em R$ 1,36 bilhão Índice
|