DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal deve anunciar na próxima semana o programa de renovação da frota de caminhões, o chamado Modercarga, para financiar a compra de novos caminhões a autônomos e pequenos frotistas. Com verba anual de R$ 2,5 bilhões do FAT (Fundo do Amparo ao Trabalhador), o financiamento, de até 70% do valor total do veículo, deve ser feito por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em prazo de até 60 meses, com juros reduzidos.
O Modercarga faz parte da primeira etapa do plano emergencial que vem sendo negociado entre trabalhadores, montadoras, fabricantes de autopeças, concessionários e governo para incentivar o setor automotivo. A proposta é de aumentar a venda anual de caminhões em 10 mil unidades. Hoje, são comercializadas 70 mil/ano.
Para assinar o acordo de renovação da frota de caminhões, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a CUT querem, além da geração de 120 mil empregos, contrapartidas sociais para os trabalhadores -como redução da jornada semanal para 40 horas nas fábricas que ainda mantém 44 horas e piso salarial unificado.
"O programa está pronto. Mas dependemos de contrapartidas para regular e padronizar melhores condições de trabalho, salário e jornada, além de 120 mil empregos [vagas geradas na cadeia automotiva em um prazo de dois a três anos]", afirmou Luiz Marinho, presidente da CUT.
No caso dos salários, por exemplo, o piso pago aos metalúrgicos das montadoras de São Paulo é de R$ 1.200, enquanto em outras localidades um trabalhador do mesmo setor ganha metade desse valor, informou o sindicato.
Uma reunião ontem na sede do BNDES em São Paulo, entre o presidente da Anfavea (reúne as montadoras), Ricardo Carvalho, o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), representantes da Volkswagen, Ford, Scania, além de sindicalistas da CUT e Força Sindical, estabeleceu as formas de financiamento do Modercarga. Novo encontro está previsto para a próxima terça-feira.
De acordo com José Lopez Feijóo, presidente do sindicato, serão cobrados juros entre 17,5% a 20%, dependendo do financiamento escolhido. "O interessado pode optar por uma prestação variável com juro menor ou prestações fixas, com taxa mais alta."
A frota de 1,8 milhão de caminhões que circula no país tem idade média de 18 anos -60% pertencem a autônomos.
O Modercarga é inspirado no Moderfrota, programa de modernização de tratores agrícolas, administrado pelo BNDES. Desde que foi criado, em março de 2000, recebeu do governo R$ 6,37 bilhões. Com esse programa, a produção de máquinas agrícolas subiu de 28 mil para 52 mil unidades entre 99 e 2002. (CR)


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