São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Lance mínimo emperra leilão da Varig

Lucio Tavora
Passageiro em balcão da Varig em Brasília; VarigLog ofereceu US$ 485 mi por 90% do controle da parte operacional da Varig


Venda da companhia aérea, marcada para o próximo dia 12, depende de aprovação do credores à proposta da VarigLog

Valor precisa cobrir ao menos as despesas com a oferta; ex-subsidiária faz mais um depósito para garantir sobrevivência

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A definição de um lance mínimo para o novo leilão de venda da Varig, marcado pela Justiça para o dia 12, está emperrando o fechamento do edital, de acordo com pessoas envolvidas na negociação.
O lance mínimo precisa cobrir ao menos as despesas que a VarigLog tem tido com a oferta, que prevê uma linha de crédito de US$ 20 milhões para a continuidade das operações da Varig até a realização de um novo leilão. Além disso, a ex-subsidiária se dispôs a pagar US$ 3,87 milhões a trabalhadores e credores, que ficariam com uma parcela de 5% cada um da nova empresa.
A VarigLog ofereceu US$ 485 milhões por 90% do controle da parte operacional da Varig. O valor refere-se apenas a investimentos na nova empresa e não será usado para pagar aos credores.
Segundo Celso Klafke, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil, a VarigLog afirmou em reunião com credores que a nova empresa começaria com 20 aviões e cerca de 2.500 funcionários. "A idéia deles é chegar a 80 aviões", disse.
A proposta da VarigLog prevê a manutenção de operações de vôo na "velha Varig" em proporções modestas: dois aviões e uma única linha. A idéia é manter a empresa ativa para que ela possa receber os R$ 4,5 bilhões referentes a uma ação que a Varig move contra o governo sobre congelamento de tarifas. Além disso, a empresa tem mais R$ 1,3 bilhão a receber dos Estados por conta de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Fundo de pensão
O Aerus, fundo de pensão dos empregados da Varig, considera a viabilidade da "velha Varig" fundamental para dar segurança aos credores.
Ontem, representantes do fundo se reuniram com advogados para estudar a melhor estratégia a ser adotada na assembléia de credores.
Lap Chan, um dos principais executivos do Matlin Patterson, fundo que tem participação na VarigLog, chegou a se reunir com o Aerus, acompanhado de advogados na última segunda-feira. O executivo fez uma oferta de R$ 24 milhões pelos 5% de ações que o fundo de pensão tem da VarigLog. Essas ações foram dadas em garantia pela Varig em renegociações anteriores de dívidas. O fundo informou que não tem a "intenção de se desfazer de suas garantias". A Varig deve R$ 2,3 bilhões ao Aerus. Desse total, R$ 1,1 bilhão foi repactuado na recuperação judicial.

Novo aporte
Enquanto a VarigLog e os credores não chegam a um consenso sobre o pagamento de dívidas, a ex-subsidiária realizou ontem um novo aporte para garantir a sobrevivência da companhia aérea até o leilão. Até a última sexta-feira, a VarigLog já havia depositado US$ 7 milhões. A VarigLog não informa os valores depositados desde segunda-feira.

Infraero
Com mais recursos em caixa, a Varig voltou a depositar antecipadamente para voar. Segundo a Infraero, a companhia pagou R$ 175 mil referentes a tarifas aeroportuárias de hoje. Segundo a estatal, a Varig vinha fazendo apropriação indébita das tarifas de embarque, uma parcela de recursos paga pelos passageiros e que a empresa somente precisa repassar para a Infraero. Em razão disso, a Infraero chegou a ameaçar a Varig de efetuar a cobrança à vista, antes do embarque dos passageiros. Para evitar maiores dificuldades, a Varig passou a pagar na véspera desde a semana passada.


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