São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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SP quer plano de emergência com mais de uma empresa

Presidente da Prodesp diz que dificuldade é aprovação pelos tribunais de contas

Segundo governo estadual, plano de contingência para evitar pane na internet não funcionou porque também era da própria Telefônica

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo paulista tinha um plano de contingência para situações como a vivenciada ontem, quando uma pane dos sistemas da Telefônica deixou os órgãos públicos estaduais fora do ar, mas ele não funcionou, porque havia sido contratado da mesma companhia.
Na próxima licitação para o provimento desses serviços, em 2010, a Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) incluirá a contratação de uma segunda empresa, que entrará em ação no caso de uma falha da primeira prestadora.
"A própria Telefônica oferece o "backbone" [central que faz a conexão de dados entre a central da operadora e os clientes] e um "backbone" de emergência. Se um não funciona, o outro é acionado automaticamente. Dessa vez, não deu certo", explicou Leão Carvalho, presidente da Prodesp.
Grandes empresas privadas costumam contratar uma segunda prestadora de serviços para emergências. "Incomoda saber que poderíamos ter uma alternativa diferenciada [de soluções para crises]", afirmou o executivo.
O presidente da Prodesp disse que a dificuldade de adquirir os chamados "acessos duplos" ou "sistemas redundantes" está no custo extra, que pode não ser aceito em um processo licitatório ou questionado posteriormente pelos tribunais de contas públicos. "Como justificar a contratação de uma outra empresa para prestar um serviço de stand-by que pode nem ser usado e que na verdade ninguém deseja usar?"
"Esperamos que uma situação como essa sirva de argumento na negociação com o departamento jurídico na próxima licitação. Passamos todos por uma grande aprendizagem. Nos próximos modelos já estabelecemos que não vamos ficar na mão de um só [prestador de serviço]. Estamos trabalhando com a idéia de dois lotes e duas empresas", afirmou Carvalho.
Complicado será calcular as perdas para acionar a Telefônica pela quebra de contrato, já que as cláusulas que dizem que o serviço não pode ser interrompido foram quebradas. "Vai levar um certo tempo. Possuímos cerca de 13 mil links, em grupos com propriedades diferentes", disse Carvalho.
Nas tabelas que constam no documento especificando as multas por período de interrupção do serviço, o tempo máximo é de 10 horas, ou seja, não há punição estabelecida para períodos maiores.
"Nunca poderíamos imaginar que pudesse haver uma interrupção superior a 600 minutos, o que aconteceu [anteontem] foi extraordinário. Colocamos uma equipe de dez pessoas para fazer a análise do contrato", disse o executivo da Prodesp. Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica, telefonou duas vezes para Carvalho entre anteontem e ontem e deixou claro que a equipe jurídica da empresa também está debruçada sobre a questão.
O acordo de prestação de serviços da Telefônica ao governo estadual foi firmado em 2005 e se encerra em 2010, com remuneração de R$ 250 milhões pelos cinco anos. "O que existia antes era a contratação individual por cada órgão do serviço, o que gerava custos de R$ 600 milhões no mesmo intervalo de tempo. O modelo que utilizamos atualmente é inovador", destaca Carvalho. (DG)


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