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Procura pela poupança cai à metade no 1º semestre
Captação fica em R$ 4,4 bi; alta dos juros torna mais rentáveis aplicações em fundos
Além da concorrência dos
fundos, a caderneta enfrenta
a maior agressividade dos
bancos para conseguir
investidores para seus CDBs
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A procura pela caderneta de
poupança caiu pela metade no
primeiro semestre deste ano,
segundo dados divulgados pelo
Banco Central. Entre janeiro e
junho, os depósitos feitos pelos
poupadores superaram os saques em R$ 4,43 bilhões, pouco
mais da metade dos R$ 8,77 bilhões captados no mesmo período do ano passado.
O movimento coincide com a
trajetória de alta da taxa Selic.
Depois de dois anos em queda e
chegar a 11,25% ao ano, nível
mais baixo já registrado, os juros básicos da economia voltaram a subir em março passado
e estão hoje em 12,25%.
Esse aumento torna mais
rentáveis outras aplicações de
renda fixa, como os fundos DI,
que acompanham de perto a
Selic. Em abril deste ano, depois do aperto promovido pelo
BC, os saques feitos na caderneta se intensificaram e superaram os depósitos em R$ 1,85
bilhão. Foi a primeira vez em
20 meses que a poupança apresentou captação negativa.
Em 2007, a situação era inversa: com os juros em queda, a
rentabilidade dos fundos de investimento atrelados ao DI ficava cada vez mais próxima da
oferecida pela caderneta. Isso
se explica, em boa parte, pela
vantagem tributária que a poupança oferece, já que, ao contrário dos fundos, a aplicação é
isenta de Imposto de Renda.
Além disso, os ganhos proporcionados pelos fundos também são reduzidos pelas taxas
de administração cobradas pelos bancos. A diferença entre o
retorno oferecido pelos fundos
e os da poupança caiu tanto que
o BC, pressionado pelas instituições financeiras, chegou a
mudar a regra do cálculo da
rentabilidade da caderneta.
O rendimento da poupança
acompanha a variação da TR
(Taxa Referencial), que é calculada a partir de um redutor dos
juros médios pagos pelos CDBs
(Certificados de Depósito Bancário) negociados no mercado.
No começo do ano passado, o
BC modificou esse redutor para
reduzir o valor da TR -e, conseqüentemente, do retorno da
caderneta-, mas voltou atrás
depois, quando a nova metodologia ameaçava fazer a poupança apresentar rentabilidade negativa em alguns meses.
Além da concorrência dos
fundos, a caderneta enfrenta,
neste ano, a maior agressividade dos bancos para conseguir
investidores para seus CDBs.
Num cenário como o atual,
de forte crescimento do crédito, as instituições financeiras
têm tido uma certa dificuldade
para captar dinheiro suficiente
para financiar suas operações.
Nesse caso, a poupança tem
pouca utilidade para os bancos,
pois 65% do dinheiro aplicado
nessa modalidade de investimento tem que ser, obrigatoriamente, direcionado para financiamentos habitacionais.
No caso do CDB, essa exigência não existe, dando aos bancos mais flexibilidade para utilizar o dinheiro de seus clientes. Normalmente, as instituições financeiras pagam aos investidores em CDB uma taxa
equivalente a cerca de 90% do
chamado CDI, juros de mercado que acompanham a variação
da Selic. Nos últimos meses,
diante da necessidade de captar
mais recursos, algumas instituições financeiras têm aceitado pagar mais de 100% do CDI
para atrair investidores.
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