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FOCO
Estreante, Arapongas precisa decidir se vale a pena crescer ainda mais
IAGO BOLÍVAR
ENVIADO ESPECIAL A ARAPONGAS (PR)
Em uma cidade com 98%
das ruas asfaltadas, a terra
vermelha que foi base da economia cafeeira só é vista nos
canteiros de obra. Dela erguem-se prédios, galpões e
casas, financiados pela riqueza da indústria que fez Arapongas, no Paraná, superar a
marca de 100 mil habitantes e
entrar neste ano no grupo das
cidades médias brasileiras.
A população passou de 85
mil em 2000 para 103 mil, segundo IBGE. Diante de números crescentes em todas as
áreas -a arrecadação teve um
salto de 52% em três anos-, o
secretário municipal de Finanças diz que talvez seja a
hora de desacelerar.
"Esse crescimento também
tem custos, e às vezes eles são
maiores do que os benefícios", afirma Josias Gamero.
A preocupação da maioria é
aproveitar o bom momento.
O engenheiro araponguense
Luiz Antônio Rodrigues, responsável pela construção de
vários galpões industriais, está fazendo o seu primeiro
prédio. E vai ser logo o maior
da cidade, com 18 andares.
Enquanto dá detalhes da
obra, orçada em R$ 15 milhões, e diz que a maioria dos
60 apartamentos está vendida -a R$ 450 mil, cada um-,
ele atende o celular. "Aí, vendemos mais um!" O comprador escolheu uma unidade de
outro prédio, que ainda não
começou a ser construído.
Na base do desenvolvimento, está a indústria de móveis.
Há 195 fábricas, quase todas
de proprietários da própria
cidade, que tem tradição no
setor. A tendência se fortaleceu em 1975, quando geadas
levaram a produção de café ao
colapso. Mas foi o crescimento do poder de compra das
classes populares, principalmente a partir de 2004, que
acelerou a economia local.
Localizada entre Londrina
e Maringá, Arapongas começou a receber parte dos moradores do interior do Paraná
que se dirigiam às duas cidades à procura de emprego. É o
caso da cortadora de tecido
Maria Isabel de Souza, de 32
anos. Há três anos, ela saiu de
Centenário do Sul, a 85 quilômetros de Arapongas, à procura de empregos distantes
da roça para ela e o marido.
Ele trabalha como pedreiro.
"Valeu a pena" diz. "Ganhamos mais e nossos filhos estudam em escolas melhores."
Para atender aos novos alunos, duas escolas estaduais
foram construídas neste ano.
E a prefeitura já não sabe se,
fora dos dados oficiais, há alguma nova rua sem asfalto.
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