São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009

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Processos põem em xeque infraestrutura da Oi em São Paulo

Franqueados dizem que operadora prejudicou seus negócios por ter investido na rede menos do que havia prometido

Problemas ocorreram com lojistas que atendem o mercado corporativo; quebra de contrato teria levado a prejuízos de R$ 1 mi

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

No momento em que a Oi comemora 3,3 milhões de clientes conquistados em São Paulo, o que representa 8% de participação de mercado em cerca de oito meses, dois processos movidos por 12 de seus 19 franqueados (que só atendem empresas) colocaram em xeque o modelo de negócio da operadora e a qualidade de sua rede (infraestrutura).
Segundo Rodrigo Leite Zanin, advogado que representa dez franqueados, para convencê-los a investir R$ 1,3 milhão cada um, a Oi fez diversas promessas no início de 2008. Uma delas foi erguer uma rede com mais de 2.000 torres e antenas, um investimento de R$ 1 bilhão para garantir a cobertura e a qualidade do sinal.
Em março, após registrar vendas 70% abaixo da meta no setor corporativo, a Oi reuniu-se com esses lojistas e assumiu que a rede tinha deficiências, principalmente de cobertura, e que, por isso, teria de corrigir o plano de negócio. A reunião foi gravada, e o conteúdo, a que a Folha teve acesso, transcrito e anexado ao processo.
Um dos franqueados, que já registra prejuízo de R$ 1,1 milhão, aceitou conversar sob condição de sigilo por temer retaliações. Ele teve acesso ao cronograma de instalação das torres da Oi e descobriu que a companhia começou sua operação no Estado com apenas 750 estações, 30% do previsto.
A Folha apurou que o plano de instalação da rede se dividia em três fases. Na primeira, concluída em outubro, estavam previstas 2.120 torres para as chamadas de voz (2G), sendo 854 delas também equipadas para o 3G (tecnologia que permite o tráfego de dados).
Numa segunda etapa, que teria de ser encerrada em março, seriam erguidas 231 torres e 182 também equipadas para o 3G. A última seria estendida até 2010, prevendo 89 novas torres e mais 213 com 3G.
Essa rede cobriria 482 municípios em São Paulo e 163 ficariam descobertos. Segundo o Teleco, consultoria em telecomunicações, atualmente 249 municípios têm o serviço da Oi.
De acordo com a Anatel, a operadora já dispõe de mais de 2.000 torres instaladas. Mas os franqueados alegam que não adianta ter torres se as antenas não têm "potência" de cobertura. Para eles, ainda há zonas de "sombra" dentro das principais cidades do interior e até mesmo na capital.
Resultado: a Oi teria determinado uma redução de 60 vendedores por franquia para 15 e baixou as metas mensais, que em outubro eram de 1.020 linhas por vendedor, para 885. "Nem assim deu certo", diz Zanin. Com as vendas em baixa, a Oi decidiu quebrar o contrato e pôr fim à exclusividade territorial de seus franqueados. Foi aí que o caso parou na Justiça, que concedeu liminar em favor dos franqueados.


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