São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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RETOMADA

Desemprego menor e renda maior fizeram as vendas subir, diz a Abia

Fabricantes de alimentos produzem e vendem mais

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As indústrias de alimentos aumentaram a produção e as vendas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2003. Os números surpreenderam os próprios economistas da Abia (reúne as indústrias do setor), que até semanas atrás previam desempenho ainda tímido do mercado interno no semestre.
De janeiro a junho a produção (em toneladas) cresceu 5,18% em relação a igual período de 2003. As vendas reais (descontada a inflação) cresceram 4,28% no mesmo período.
Na análise da entidade, não foram as exportações, mas o mercado interno, o principal responsável pelos números positivos.
"Dos 5,18%, só 1% é responsabilidade das exportações. Os outros 4% são referentes à maior demanda do mercado interno", informou, em nota, a Abia.
Em apenas um mês, o nível de utilização da capacidade instalada do setor cresceu três pontos percentuais -de 69,6% em maio para 72,6% em junho. Logo, há mais máquinas operando nas fábricas.
"É surpreendente que tenhamos tido um resultado tão bom", afirmou Denis Ribeiro, economista da entidade.
Apenas no mês de junho, a produção física cresceu 11,95% em relação a maio. As vendas reais tiveram alta de 8,59% no período.
Segundo avaliação da Abia, a queda do desemprego e o aumento da renda (o salário real médio dos empregados das indústrias paulistas subiu 7,4% de janeiro a junho sobre igual período de 2003) podem explicar esse bom resultado na demanda doméstica.
Recentes balanços financeiros de companhias como a Sadia e a Avipal já tinham mostrado forte recuperação na demanda. Na Sadia, as vendas no Brasil no primeiro semestre cresceram 8,7% (em toneladas). Em produtos industrializados, a alta foi de 11%.
A companhia havia informado, no balancete do segundo trimestre, a percepção de recuperação nas vendas em grandes capitais do país. Até março, esse movimento era percebido principalmente no interior.

O "lanterninha"
Historicamente, segundo o comportamento do setor em outros momentos de retomada econômica, as vendas da indústria alimentícia demoram mais a acontecer quando há sinais de melhora no humor da economia.
Isso acontece porque o segmento é encarado como prioridade para o consumidor e, portanto, menos sensível a esses movimentos de sobe-e-desce no consumo.
Alguns dados ainda parecem conflitantes. Na semana passada, a Abras (associação de supermercados) informou que o faturamento real do setor aumentou 0,1% no primeiro semestre ante igual período de 2003. A direção da entidade, porém, confirmou uma recuperação nos últimos meses do primeiro semestre.


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