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SP é 15º em ranking da Justiça empresarial
Devido à sua lentidão, Judiciário paulista favorece ações de empresários que rompem contratos e que evitam punição
"Que a Justiça paulista
é morosa não há a menor dúvida", reconhece
Celso Limongi, presidente
do Tribunal de Justiça de SP
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável por cerca de um
terço do PIB (Produto Interno
Bruto) nacional, São Paulo aparece em 15º lugar, entre os 27
Estados do país, em novo ranking sobre o desempenho das
Justiças estaduais quando se
trata de resolver contenciosos
na área econômica.
Em primeiro lugar vem o Rio
de Janeiro, muito por causa das
recém-criadas Varas Empresariais para resolução de conflitos, e, em último, o Amazonas.
O ranking, indicador da insegurança jurídica no mundo dos
negócios, contempla vários aspectos do andamento de processos exclusivamente empresariais, dos setores comercial e
financeiro -sem interferência
de ações de que o poder público
seja parte ou de contenciosos
trabalhistas e tributários.
O estudo foi elaborado pelo
pesquisador Ivan Ribeiro, da
USP (Universidade de São Paulo), premiado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) por trabalho na área.
A morosidade da Justiça
paulista, segundo o autor, leva a
uma desistência cada vez maior
de partes lesadas no Estado de
recorrer à Justiça para reclamar direitos.
Na análise do percentual de
pessoas que, apesar de terem tido contratos violados, deixam
de recorrer à Justiça, São Paulo
é o pior nesse quesito entre os
Estados do Sul e do Sudeste -e
o quarto pior em todo o país.
"Na outra ponta, São Paulo é
o terceiro Estado onde as pessoas mais vão à Justiça para
não cumprir um contrato, atrás
apenas do Distrito Federal e do
Rio Grande do Sul", diz Ribeiro.
Ele afirma que, ao ter a sua
morosidade evidenciada, a Justiça paulista é um caminho para quem deseja descumprir um
contrato sem ser punido.
Em termos de demora, São
Paulo é o segundo pior do país
(são cinco anos, em média, para
uma decisão final), atrás apenas do Ceará (18 anos).
"Que a Justiça paulista é morosa não há a menor dúvida",
reconhece Celso Limongi, presidente do Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo.
O ranking foi elaborado a
partir da análise de indicadores
já conhecidos do Judiciário e de
84 contenciosos na área econômica nas Justiças estaduais.
Essa base de dados, além de
outras 181 decisões judiciais em
São Paulo, gerou estudo que
desmistifica a tese de que a Justiça brasileira sempre pende
para o lado mais fraco. Na verdade, as ações mostraram que,
se dois litigantes buscam a proteção de uma mesma lei, o grupo econômico mais poderoso
tem 45% mais chances de vencer a ação.
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