São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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Bolsa cai a menor patamar desde janeiro

Bovespa recua 3,5% e acumula perda de 13% neste ano; com grande peso no índice, commodities acentuam a queda

Petrobras e Vale puxam as perdas; analistas recomendam cautela aos investidores em momentos de grande turbulência

FABRICIO VIEIRA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo começou a semana sob forte impacto da depreciação das commodities no mercado internacional. O resultado foi uma queda de 3,51%, o que arrastou a Bovespa para os 55.609 pontos, seu mais baixo nível desde janeiro.
Nos dois primeiros pregões de agosto, o tombo acumulado alcança os 6,55%. No ano, as perdas estão em 12,96%.
Com as ações da Vale e da Petrobras derretendo, a Bolsa se distanciou do mercado internacional -que também teve um dia ruim, mas menos intenso, com quedas de 0.37% em Nova York e de 0,64% em Londres. Desde seu pico, em 20 de maio, a Bovespa já recuou 24%.
Entre as ações mais negociadas, as da Vale se destacaram ontem com desvalorizações de 7,20% (ordinárias) e 7,15% (preferenciais "A"). Para os papéis da Petrobras, as quedas ficaram em 5,13% (ordinárias) e 4,69% (preferenciais).
"O cenário é bastante complicado, especialmente para as commodities. Na semana passada, tivemos alertas para a diminuição do consumo na China. Tem muita gente realizando lucro ganho nos últimos meses", diz Kelly Trentin, da corretora SLW.
O barril de petróleo encerrou em queda de 2,95%, a US$ 121,41 em Nova York, cada vez mais distante de seu recorde de US$ 145 do mês passado. Outro destaque de queda ontem foi o cobre, que recuou para seu menor valor em seis meses.
A saída de capital externo da Bovespa, que tem ocorrido de forma expressiva desde junho, tem punido consideravelmente o mercado acionário local. No mês passado, o balanço das operações feitas pelos estrangeiros em pregão ficou negativo em R$ 7,78 bilhões -pior resultado da história.
Como o desempenho do Ibovespa -que reúne os 66 papéis brasileiros mais negociados- está muito preso às oscilações de ações de companhias ligadas a commodities, o cenário atual afeta com força a Bovespa. As ações desses setores respondem por mais de 42% do índice Ibovespa.
O desempenho das siderúrgicas também decepcionou ontem: as ações PNA (preferenciais "A") da Usiminas perderam 6,66%; as PN da Gerdau recuaram 5,24%; e as ON (ordinárias) da Companhia Siderúrgica Nacional caíram 5,05%.
Fausto Gouveia, analista da corretora Alpes, afirma que a correlação da Bovespa se mostra mais com o petróleo e as commodities em geral do que com o mercado americano.
"A gente está queimando a gordura que tinha em relação às Bolsas internacionais. Não consigo ver no horizonte curto um fator [que impulsione a recuperação dos mercados]. Não vejo as commodities tendo força para subir devido à crise pela qual os EUA passam. Primeiro, tem de dar uma acalmada boa lá fora e os EUA voltarem a crescer, as commodities se recuperarem, para a gente ter uma luz no fim do túnel", disse.
Hoje o mercado internacional pode trazer um ingrediente extra de tensão à Bovespa. Apesar de a maioria do mercado esperar que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) mantenha os juros básicos do país em 2% anuais, a nota que a autoridade monetária irá divulgar após sua reunião pode elevar as preocupações dos investidores, especialmente se sinalizar o aumento das taxas para um futuro próximo.
O dia tenso afetou também o real, que vinha ganhando valor apesar da crise. O dólar fechou as operações de ontem em alta de 0,19%, vendido a R$ 1,562. Mas, no ano, a depreciação da moeda americana ainda é elevada, acumulada em 12,10%.
Para o pequeno investidor, a recomendação geral dos analistas é não vender ações em momentos de grande turbulência, principalmente quando ocorrem fortes baixas.


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