São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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Regra nova de tarifa afeta lucro do Bradesco

Banco registra retorno menor com serviços bancários após BC reduzir quantidade de tarifas que podem ser cobradas

No segundo trimestre, instituição lucrou R$ 2 bi, valor 13% menor que no mesmo período de 2007; no semestre, ganho é de R$ 4,1 bi

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de robusto, o lucro do Bradesco mostrou um ritmo de expansão menos impressionante na primeira metade de 2008. De janeiro a junho, o lucro líquido alcançou inéditos R$ 4,105 bilhões, crescimento de 2,4% sobre o mesmo período de 2007. Se não forem levados em conta os efeitos extraordinários registrados pelo Bradesco, o crescimento do lucro ficou em 11,5%.
O menor retorno proporcionado pela receita com serviços bancários (como tarifas e taxas de contas, cartões e empréstimos) se destacou no resultado do segundo trimestre do ano, em que o banco marcou lucro de R$ 2,002 bilhões. Essa cifra é 13% menor que o lucro do segundo trimestre do ano passado, desde que considerados efeitos extraordinários do período -como a alienação de participações na Serasa e na Arcelor-, que inflaram o resultado de abril a junho de 2007.
As novas regras do BC para a cobrança de tarifas, que entraram em vigor em 30 de abril, tiveram impacto no resultado.
Os R$ 2,775 bilhões obtidos com prestação de serviços entre abril e junho foram 1% menores que o retorno do primeiro trimestre. E isso em um cenário de aumento de clientes e de forte concessão de crédito.
A perda de fôlego do retorno com tarifas fez com que a participação das receitas de serviços no resultado do banco recuasse de 29% do total no primeiro semestre de 2007 para 25% no mesmo período de 2008. "Após as mudanças das normas de cobranças de tarifas feitas pelo BC e que entraram em vigor no segundo trimestre, era esperado que o resultado dos bancos nesse segmento se enfraquecesse", diz o gestor Wellington Senter, do Modal Asset.

Realinhamento
Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, diz que a instituição fez um "realinhamento das tarifas, de acordo com as novas regras do BC". "Pretendemos recuperar as perdas com o aumento da base de clientes", disse Cypriano, que prevê uma ampliação em 1,75 milhão de contas em 2008.
Entre as novas normas, houve a redução de 55 para 20 na quantidade de tarifas que podem ser cobradas.
A nova realidade dos ganhos com receitas acabou por tirar um pouco do brilho das operações de crédito, que, mesmo com a retomada da elevação da Selic, seguem com crescimento acelerado.
A carteira de crédito total do Bradesco cresceu 38,8% em 12 meses, para encerrar junho em R$ 181,6 bilhões. O destaque ficou com a pessoa jurídica, que, afetada pelas maiores dificuldades em obter recursos no mercado de capitais, voltou a procurar com maior apetite o setor bancário. A carteira destinada às pequenas e médias empresas se expandiu em 47,2% em 12 meses, e a de grandes empresas aumentou 39,8%.
Para a pessoa física, o aumento foi de 32,2%. Nesse segmento, a taxa de inadimplência, de 90 dias, cresceu um pouco, de 6,4% em março para 6,7% em junho.
Animado com a demanda por crédito aquecida, apesar da Selic mais alta, o Bradesco elevou a previsão de aumento de sua carteira para este ano de uma faixa de 21% a 25% para outra de 24% a 29%. E é nas grandes empresas que está a principal aposta de expansão do banco. Para o segmento, a previsão de aumento no ano foi de uma faixa de 10 a 15% para 22% a 30%.
Para Cypriano, o BC não deve tomar novas medidas para tentar conter a demanda por crédito. "Não contamos com nenhuma nova ação nesse sentido. A não ser com alta dos juros."
Contra uma elevação mais robusta do lucro pesou também o aumento das despesas com pessoal e administrativas. Em 12 meses terminados em junho, as despesas aumentaram 15%. Segundo a instituição, o aumento se explica por investimentos em tecnologia e crescimento orgânico.

Expansão
O Bradesco anunciou que irá abrir três corretoras na Ásia e no Oriente Médio. Essas novas unidades serão instaladas em Tóquio, Dubai e Hong Kong.
(FABRICIO VIEIRA)


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