São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ministro defende nova elevação do aperto fiscal

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, cogitou ontem elevar novamente a meta de superávit primário -economia do governo para o pagamento dos juros da dívida- como medida de combate à inflação. Em junho, o governo já havia anunciado a intenção de criar uma poupança fiscal extra de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) para capitalizar o fundo soberano. Com isso, a economia feita passará para 4,3%.
"Se for necessário, usaremos a política fiscal. Esse é um instrumento mais eficiente e menos danoso do que o instrumento monetário", afirmou. O ministro ressaltou, porém, que não vê, por enquanto, necessidade para um aperto maior.
No primeiro semestre, a economia do setor público (União, Estados, municípios e estatais) para o pagamento dos juros da dívida chegou a 6,19% do PIB (Produto Interno Bruto).
O discurso de Mantega serve como resposta à crítica de que o combate à inflação parte apenas do Banco Central, com o aumento dos juros, enquanto o governo continua a expandir os gastos públicos, alimentando pressões inflacionárias. O ministro rechaçou a tese de que há em curso um descontrole de gastos por parte do governo. "A participação das despesas no PIB está caindo", disse no seminário "Diálogos Capitais para o Desenvolvimento do Brasil", promovido pela revista "CartaCapital", em São Paulo.
No mesmo evento, os ex-ministros Luiz Carlos Bresser-Pereira e Antonio Delfim Netto criticaram a atuação do BC.
"A autoridade monetária tem usado um expediente que já foi usado várias vezes e que nos fez terminar mal", disse Delfim Netto, referindo-se à política de alta de juros e apreciação cambial no combate à inflação.
"Não acredito que, com essa política, o Brasil esteja em ciclo de crescimento sustentado", disse Bresser-Pereira.


Texto Anterior: Mantega quer superávit nominal contra juro
Próximo Texto: Para Meirelles, alta dos juros não surtiu efeito
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.