São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009 |
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Dado divergente põe PIB chinês em dúvida
Valores divulgados individualmente pelas 31 Províncias do país são 10% superiores ao número oficial do primeiro semestre
Os números do PIB chinês
estão entre os mais acompanhados do mundo, porque são
capazes de movimentar mercados ou estimular esperanças de
que a recuperação é iminente.
Mas o mais recente conjunto
de estatísticas referentes ao
primeiro semestre fornecidas
pelas autoridades provinciais
traz números muito mais altos
que os dados nacionais do governo central, o que volta a despertar dúvidas sobre a precisão
das estatísticas do país.
O PIB atingiu 15,376 trilhões
de yuans (US$ 2,251 trilhões)
no primeiro semestre, de acordo com os dados divulgados individualmente pelas 31 Províncias e municipalidades independentes chinesas, 10% acima
da estimativa oficial, de 13,986
trilhões de yuans.
Todas, exceto sete regiões do
país, reportaram ritmo de crescimento do PIB superior aos
7,1% estimados pelas estatísticas nacionais. No começo do
ano, Pequim determinou que a
meta de crescimento para a
China neste ano seria de 8%.
Já que para o resto do mundo
a China funciona como referência de expansão, a discrepância serve como lembrete de
que as estatísticas do país muitas vezes são indignas de confiança e passam por manipulações por parte de funcionários
em busca de vantagens pessoais ou políticas.
Nos últimos anos, os números das Províncias vêm sugerindo consistentemente que a
economia chinesa é maior que
as estimativas divulgadas por
Pequim, mas a diferença parece
ter crescido. Até mesmo a mídia estatal levanta questões
quanto à precisão dos dados.
No editorial do "China
Daily", o jornal em inglês do governo chinês, foi mencionada
uma pesquisa de opinião em
que 91% estavam céticos quanto aos dados oficiais neste ano,
ante 79% em 2007.
Economistas internacionais
também questionaram a confiabilidade dos dados chineses
nos últimos meses.
"A despeito de recursos severamente limitados e do dinamismo e da complexidade da
economia, o serviço de estatísticas estatal uma vez mais precisou de só 15 dias para avaliar o
progresso econômico de 1,3 bilhão de pessoas", disse Derek
Scissors, da Heritage Foundation, em Washington, em referência ao prazo de que o serviço
estatístico precisou para calcular os números, após o fim do
primeiro semestre. "Na pior hipótese, esses resultados podem
ter sido forjados para satisfazer
o Partido Comunista."
Alguns economistas afirmam
que os funcionários dos governos provinciais têm incentivos
para melhorar suas perspectivas de carreira ao exagerar o
crescimento econômico nas
áreas pelas quais respondem.
Mesmo o serviço nacional de
estatísticas costuma tratar com
cautela os dados fornecidos por
governos locais e tende a revisar para baixo as estimativas
preliminares que recebe, utilizando um modelo próprio, de
acordo com economistas do governo chinês.
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