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Na contramão de rivais, UBS tem prejuízo
Banco suíço registra perdas de R$ 2,3 milhões no 2º tri, enquanto concorrentes europeus, como o Barclays, obtêm lucro
Instituição, que é acusada nos EUA de facilitar a evasão fiscal para clientes, afirma que perdas devem continuar
nos próximos meses
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Em forte contraste com a recuperação demonstrada por alguns de seus maiores rivais europeus, o banco suíço UBS fechou o segundo trimestre com
perdas líquidas de 1,4 bilhão de
francos (R$ 2,3 bilhões).
O prejuízo é quase quatro vezes maior que o do mesmo período de 2008 (395 milhões de
francos), mas sinaliza uma melhora em relação ao trimestre
anterior, quando as perdas somaram 1,97 bilhão de francos.
Embora tenha visto "sinais
encorajadores" no novo balanço, o próprio banco diz que não
espera boas notícias a curto
prazo. "Nossa projeção continua cautelosa, coerente com a
visão de que a recuperação será
travada pela baixa criação de
crédito e pela fragilidade estrutural dos balanços de consumidores e governos", afirmou o
banco em comunicado.
Ainda sofrendo os efeitos da
crise e desgastado por uma dura batalha judicial nos EUA, onde é acusado de facilitar a evasão fiscal para milhares de
clientes, o UBS não conseguiu
conter a sangria de capital.
Somente de abril a junho, o
volume de saques chegou a 39,4
bilhões de francos. Desse montante, 16,5 bilhões de francos
saíram da área de gestão de fortunas, com retiradas feitas
principalmente por clientes internacionais dos EUA e da Europa, segundo a instituição.
Oswald Gruebel, que assumiu a presidência do UBS em
fevereiro com a incumbência
de restaurar a imagem e os lucros do banco (o maior da Suíça
em ativos), previu que a hemorragia deve continuar. "É improvável que haja uma reversão rápida dessa tendência."
Para ele, a confiança dos investidores no UBS começará a
ser reparada quando for encerrada a disputa com o fisco norte-americano. Os termos do
acordo negociado entre as partes serão anunciados na próxima sexta-feira e devem incluir
a transferência de dados sigilosos de alguns clientes.
Desde que assumiu o comando, Gruebel tem se concentrado em colocar em ordem as
contas do UBS, o mais atingido
na Europa pela crise, com perdas estimadas em US$ 50 bilhões. Entre as medidas tomadas, estão cortes de 7.500 vagas
e a venda da unidade no Brasil,
o UBS Pactual, que será concluída neste trimestre.
Segundo o comunicado divulgado ontem, o resultado do
no segundo trimestre incluiu
perdas acumuladas de 1,2 bilhão de francos com títulos da
própria dívida, 582 milhões de
francos em custos de reestruturação, além de 492 milhões em
encargos pela venda do UBS
Pactual no Brasil.
Enquanto o UBS se preocupa
em cortar gastos, outros grandes bancos da Europa já parecem estar colocando a crise para trás. Na segunda-feira, os
britânicos Barclays e HSBC registraram lucros bilionários na
primeira metade do ano. Ontem foi a vez de o francês BNP
Paribas anunciar ganhos de
1,6 bilhão (R$ 4,2 bilhões) no
segundo trimestre.
Sem falar no maior rival do
UBS na Suíça, o Credit Suisse,
que na semana passada anunciou ter lucrado de 1,6 bilhão de
francos no segundo trimestre,
quase 30% mais que no mesmo
período do ano anterior. Uma
recuperação ainda mais notável por ter sido obtida sem a
ajuda do governo, como a recebida pelo UBS em 2008.
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