São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009

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Na contramão de rivais, UBS tem prejuízo

Banco suíço registra perdas de R$ 2,3 milhões no 2º tri, enquanto concorrentes europeus, como o Barclays, obtêm lucro

Instituição, que é acusada nos EUA de facilitar a evasão fiscal para clientes, afirma que perdas devem continuar nos próximos meses


MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Em forte contraste com a recuperação demonstrada por alguns de seus maiores rivais europeus, o banco suíço UBS fechou o segundo trimestre com perdas líquidas de 1,4 bilhão de francos (R$ 2,3 bilhões).
O prejuízo é quase quatro vezes maior que o do mesmo período de 2008 (395 milhões de francos), mas sinaliza uma melhora em relação ao trimestre anterior, quando as perdas somaram 1,97 bilhão de francos.
Embora tenha visto "sinais encorajadores" no novo balanço, o próprio banco diz que não espera boas notícias a curto prazo. "Nossa projeção continua cautelosa, coerente com a visão de que a recuperação será travada pela baixa criação de crédito e pela fragilidade estrutural dos balanços de consumidores e governos", afirmou o banco em comunicado.
Ainda sofrendo os efeitos da crise e desgastado por uma dura batalha judicial nos EUA, onde é acusado de facilitar a evasão fiscal para milhares de clientes, o UBS não conseguiu conter a sangria de capital.
Somente de abril a junho, o volume de saques chegou a 39,4 bilhões de francos. Desse montante, 16,5 bilhões de francos saíram da área de gestão de fortunas, com retiradas feitas principalmente por clientes internacionais dos EUA e da Europa, segundo a instituição.
Oswald Gruebel, que assumiu a presidência do UBS em fevereiro com a incumbência de restaurar a imagem e os lucros do banco (o maior da Suíça em ativos), previu que a hemorragia deve continuar. "É improvável que haja uma reversão rápida dessa tendência."
Para ele, a confiança dos investidores no UBS começará a ser reparada quando for encerrada a disputa com o fisco norte-americano. Os termos do acordo negociado entre as partes serão anunciados na próxima sexta-feira e devem incluir a transferência de dados sigilosos de alguns clientes.
Desde que assumiu o comando, Gruebel tem se concentrado em colocar em ordem as contas do UBS, o mais atingido na Europa pela crise, com perdas estimadas em US$ 50 bilhões. Entre as medidas tomadas, estão cortes de 7.500 vagas e a venda da unidade no Brasil, o UBS Pactual, que será concluída neste trimestre.
Segundo o comunicado divulgado ontem, o resultado do no segundo trimestre incluiu perdas acumuladas de 1,2 bilhão de francos com títulos da própria dívida, 582 milhões de francos em custos de reestruturação, além de 492 milhões em encargos pela venda do UBS Pactual no Brasil.
Enquanto o UBS se preocupa em cortar gastos, outros grandes bancos da Europa já parecem estar colocando a crise para trás. Na segunda-feira, os britânicos Barclays e HSBC registraram lucros bilionários na primeira metade do ano. Ontem foi a vez de o francês BNP Paribas anunciar ganhos de 1,6 bilhão (R$ 4,2 bilhões) no segundo trimestre.
Sem falar no maior rival do UBS na Suíça, o Credit Suisse, que na semana passada anunciou ter lucrado de 1,6 bilhão de francos no segundo trimestre, quase 30% mais que no mesmo período do ano anterior. Uma recuperação ainda mais notável por ter sido obtida sem a ajuda do governo, como a recebida pelo UBS em 2008.


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