São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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AÉREAS

Impasse entre Desenvolvimento, Receita Federal e empresas travou socorro

"Proar" havia sido adiado várias vezes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O anúncio do pacote de ajuda às empresas aéreas ("Proar"), feito ontem, chegou a ser programado pelo governo em vários momentos, mas impasses entre o Ministério do Desenvolvimento, a Receita Federal e as próprias empresas aéreas acabaram retardando o fechamento do acordo.
Até os atentados de 11 de setembro de 2001, eram pequenas as chances das companhias aéreas conseguirem qualquer ajuda do governo, o que elas pleiteavam antes dos atentados porque já tinham problemas financeiros.
O pacote anunciado ontem teve sete medidas. Nas reivindicações iniciais das empresas constavam 14. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Benjamin Sicsú, disse que houve mais de cem sugestões vindas de todos os setores envolvidos.
Sicsú atribuiu a demora ao fato do "processo democrático ser mesmo lento" e também ao tamanho reduzido da equipe que cuidou do assunto. "Houve várias outras crises neste meio tempo e tivemos de nos revezar", disse.
Entre o início da discussão e o anúncio do pacote, a crise das empresas se agravou. Já em dezembro do ano passado a Transbrasil parou de voar. Ela tinha R$ 1 bilhão em dívidas. Mais de 2.000 funcionários foram demitidos.
Desde as primeiras reuniões, o governo encomendou dois estudos para avaliar a situação econômico-financeira do setor. Um foi feito pelo próprio ministério, o outro pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O diagnóstico foi que as companhias estavam insolventes.
Ontem, o ministro Sergio Amaral (Desenvolvimento) enfatizou a importância das medidas, especialmente para a Varig. Esta é uma crise que preocupa muito o governo. A empresa tem 38% do mercado nacional e 40% das rotas internacionais no Brasil.
Nas discussões internas, o governo chegou a conclusão que seria estratégico para o pais ajudar a reestruturar a Varig. Em alguns lugares ela é a única empresa a operar. Uma eventual quebra da empresa poderia acarretar uma redução muito grande no número de rotas e consequentemente um aumento nas tarifas.
Em julho deste ano, Amaral chegou a dizer que faria o anúncio naquele mês, mas não houve acordo com a Receita. Nas negociações, o governo condicionava a ajuda financeira a uma reestruturação do setor, o que poderia incluir fusão de empresas.


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