São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VENEZUELA

Presidente planeja assumir controle político das instituições ao colocar representantes do governo nos conselhos

Chávez quer elevar poder sobre banco privado

Gregorio Marrero - 15.ago.05/Associated Press
Hugo Chávez, que planeja aumentar influência sobre bancos


ANDY WEBB-VIDAL
DO "FINANCIAL TIMES", EM CARACAS

A Venezuela está se preparando para assumir o controle político dos bancos privados do país, como parte de uma campanha para difundir o controle do governo "revolucionário" sobre a economia do quinto maior exportador mundial de petróleo.
Trino Alcides Diaz, superintendente do setor bancário venezuelano, informou os presidentes de diversos bancos do país, em conversas privadas, de que o presidente Hugo Chávez planeja colocar dois representantes do governo no conselho de cada uma das instituições. Isso afetaria o Banco Santander e o BBVA, da Espanha, que controlam, respectivamente, o Banco de Venezuela e o Banco Provincial, duas das maiores instituições financeiras da Venezuela. Outros bancos que podem sofrer esse tipo de intervenção são o Banco Mercantil e o Banesco.
Uma tentativa de expandir a influência do governo sobre os bancos por meio da indicação de representantes oficiais, em vez de tomar o controle acionário, é parte da campanha de Chávez para introduzir o que ele descreve como "socialismo do século 21".
A expansão do controle político sobre os bancos seria um novo estágio no que os analistas vêem como gradual "socialização" da economia venezuelana sob o governo de Chávez, aliado de Fidel Castro, o ditador cubano.
Os especialistas afirmam que os representantes do governo de Chávez nos conselhos das instituições funcionariam como "comissários políticos" que garantiriam que os fluxos de crédito fossem determinados por fatores políticos, e não financeiros.
Francisco Faraco, especialista em assuntos bancários e consultor, em Caracas, disse que "o governo tem um projeto revolucionário, que necessariamente envolve assumir o controle do fluxo de crédito".
Empresas privadas venezuelanas estão sendo instadas a adotar a "co-administração" como modelo preferencial de gestão corporativa. A aprovação de novos empréstimos dos bancos estatais requer que as empresas formalizem uma representação mínima de 20% para os trabalhadores em seus conselhos.
O governo Chávez também está implementando um programa de redistribuição de terras das grandes propriedades para os pobres da região rural.
Diaz, o superintendente bancário, é aliado estreito do presidente Chávez e não foi localizado para comentar o assunto.

Nova lei
O Legislativo venezuelano, estreitamente controlado pelo governo, deve começar a discutir uma nova lei bancária nas próximas semanas. Os bancos venezuelanos, que estão entre os mais lucrativos da América Latina, têm pesada exposição ao governo. A dívida pública do país pode responder por até 60% dos ativos que compõem as carteiras bancárias. O governo também é o maior correntista, em diversos bancos.
Dois meses atrás, o Legislativo venezuelano aprovou uma nova e controvertida lei para reger o banco central, segundo a qual o governo tem direito de sacar e gastar parte dos US$ 30 bilhões em reservas cambiais mantidos pela instituição.


Texto Anterior: Barril de pólvora 2: Para Opep, produção é suficiente
Próximo Texto: Crise no ar: Aéreas devem perder US$ 6 bi em 2005
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.