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Sem acordo, metalúrgico ameaça greve geral na 2ª
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Sem chegar a um acordo salarial com as montadoras, os metalúrgicos de Volkswagen,
Ford, Scania e Mercedes-Benz
decidiram suspender a realização de horas extras e a produção no final de semana para
pressionar os fabricantes de
veículos a negociarem um aumento real "razoável". Se não
houver acordo até amanhã, a
categoria pode fazer greve geral
a partir de segunda-feira.
A medida vale para os trabalhadores do ABC de outras empresas que também estão em
campanha salarial, segundo o
Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC (CUT). Ao menos 10 mil
empregados da Volkswagen,
Ford, Scania e autopeças de
Diadema paralisaram em até
duas horas as atividades ontem.
As paralisações, concentradas
na entrada dos turnos da manhã, não afetaram a produção,
segundo as montadoras.
No Paraná, base da Força
Sindical, cerca de 8.000 metalúrgicos da Renault/Nissan e
Volkswagen/Audi decidiram
ontem manter a greve em São
José dos Pinhais. A paralisação
completa hoje cinco dias.
Até a noite de ontem, representantes das montadoras do
ABC e dos trabalhadores estavam reunidos na sede do Sinfavea (sindicato dos fabricantes
de veículos) para tentar chegar
a um acordo.
"As montadoras têm até sábado [amanhã] para apresentar
um proposta decente, caso contrário a greve será por tempo
indeterminado a partir de segunda-feira. O que foi oferecido
está longe do razoável", afirma
Sérgio Nobre, presidente do
sindicato da categoria no ABC.
"Na negociação, pensamos a
longo prazo e não apenas no
atual momento da indústria,
assim como as decisões sobre
investimento. Temos de pesar
também as condições competitivas da indústria no cenário internacional e nos impactos de
qualquer aumento de custo",
diz Jackson Schneider, presidente da Anfavea (fabricantes).
"Estamos abertos à negociação
e acredito na maturidade dos
atores nesse diálogo."
Os sindicalistas não divulgam o índice de reajuste pretendido no ABC, mas já descartaram a proposta feita anteriormente de 1,25 ponto percentual
de aumento acima da inflação.
No ano passado, o aumento
real nos salários chegou a 2,5
pontos acima da inflação. A indústria automobilística encerrou o ano com 2,34 milhões de
automóveis e comerciais leves
emplacados -melhor resultado dos últimos dez anos. Nos
oito primeiros meses deste ano,
os licenciamentos já alcançaram 1,94 milhão de unidades
-26,4% de aumento sobre
mesmo período de 2007.
"Uma parcela do crescimento do setor tem de ir para o bolso do trabalhador. Não estamos
pedindo 20% de aumento real.
Sem acordo, vamos cortar as
horas extras", diz Moisés Selerges, diretor do sindicato.
Na Mercedes-Benz, os metalúrgicos estimam que 400 caminhões e ônibus deixarão de
ser produzidos no final de semana. Anteontem, outros cem
já deixaram de ser fabricados
com uma paralisação.
Os metalúrgicos ligados à
Força Sindical fizeram passeata e manifestação ontem pela
manhã em frente ao prédio da
Fiesp (federação das indústrias), na avenida Paulista. Para
a central, a adesão foi de 5.000
trabalhadores representados
por 54 sindicatos paulistas. Para a PM, foram cerca de 1.500.
"Os 20% de reajuste que pedimos foi calculado com base
na produtividade que o setor
teve e na inflação que tem de
ser reposta", diz Eleno Bezerra,
presidente do sindicato da categoria em São Paulo e da confederação nacional da Força.
No Paraná, os trabalhadores
rejeitaram contraproposta das
empresas de reajustar os salários em 10% -sendo 2,5 pontos
percentuais de aumento real.
Os grevistas pedem o dobro.
Já os 2.700 funcionários da
Volvo (Curitiba) aceitaram a
proposta patronal e receberão
10% mais abono de R$ 1.500.
O sindicato da região informa que cerca de 6.600 veículos
deixaram de ser fabricados desde o início da paralisação.
Colaborou KAREN CAMACHO, da Folha Online
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