São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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Demanda e renda em alta elevam insumos e assustam arrendatários

DA REPORTAGEM LOCAL

Há duas razões para a forte aceleração nos preços dos adubos e fertilizantes: demanda aquecida e renda maior dos produtores.
A demanda mundial crescente, segundo o diretor de uma cooperativa de Mato Grosso do Sul que não quis se identificar, forçou as indústrias a fazerem novos investimentos para ampliar a oferta. Agora estão cobrando parte dessa conta dos investimentos nos preços cobrados dos produtores.
No caso específico do Brasil, ele acredita que o bom momento vivido pela agricultura no país nos últimos anos também levou as indústrias a elevar ainda mais os preços desses insumos.
Na análise desse diretor, as indústrias de insumos vão ter de reduzir esses preços porque, com a queda do valor das commodities, os produtores estão perdendo "poder de fogo".
Os cálculos da cooperativa paranaense indicam que, além dos fertilizantes, as pressões vêm também dos custos dos combustíveis, máquinas agrícolas e peças, que subiram 35%.
As sementes também podem ser incluídas nessa lista. A alta foi de 31% para o produto de melhor qualidade, e os preços subiram de R$ 76 em 2003 para até R$ 126.
Os custos mais moderados, mesmo assim acima da inflação, foram os dos defensivos agrícolas. Fungicidas, herbicidas e inseticidas tiveram alta média de 11,6% nesta safra. Pitoli diz que essa pressão de custos só não é maior porque o governo retirou a taxação do PIS/Cofins de alguns produtos agrícolas. Essa retirada inibiu a elevação extra de pelo menos 10,6% para o setor.

Arrendatários
Diante da forte elevação de custos, vão sobreviver os produtores que conseguirem boa produtividade e que trabalham com a própria terra, na avaliação de Pitoli. Os arrendatários poderão ter prejuízos. O analista traça três cenários para a rentabilidade dos produtores de soja neste ano.
Tomando por base uma área de cem hectares, os produtores que são donos da terra deverão ter gastos de R$ 125,2 mil e receitas de R$ 144 mil, o que garante renda líquida de R$ 18,8 mil.
Um produtor que também utilize cem hectares, mas que possui apenas 50% dessa terra, vai ter rendimento de apenas R$ 800. Além dos custos normais de R$ 125,2 mil, ele terá de pagar R$ 18 mil de arrendamento. Já o que trabalha com cem hectares de terra arrendada, gastará R$ 36 mil com essa operação, o que pode provocar prejuízo de R$ 17,56 mil. Ele considera uma média de 10 a 12 sacas por hectare para o pagamento pelo arrendamento.
Pitoli diz que, diante desse aumento de custos, que será ainda mais pesado nas fronteiras agrícolas, onde a produtividade é menor, a safra 2004/5 de soja pode não superar os 60 milhões de toneladas. O Departamento de Agricultura dos EUA estima 66 milhões para o Brasil. (MZ)


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