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Demanda e renda em alta elevam insumos e assustam arrendatários
DA REPORTAGEM LOCAL
Há duas razões para a forte aceleração nos preços dos adubos e
fertilizantes: demanda aquecida e
renda maior dos produtores.
A demanda mundial crescente,
segundo o diretor de uma cooperativa de Mato Grosso do Sul que
não quis se identificar, forçou as
indústrias a fazerem novos investimentos para ampliar a oferta.
Agora estão cobrando parte dessa
conta dos investimentos nos preços cobrados dos produtores.
No caso específico do Brasil, ele
acredita que o bom momento vivido pela agricultura no país nos
últimos anos também levou as indústrias a elevar ainda mais os
preços desses insumos.
Na análise desse diretor, as indústrias de insumos vão ter de reduzir esses preços porque, com a
queda do valor das commodities,
os produtores estão perdendo
"poder de fogo".
Os cálculos da cooperativa paranaense indicam que, além dos
fertilizantes, as pressões vêm também dos custos dos combustíveis,
máquinas agrícolas e peças, que
subiram 35%.
As sementes também podem
ser incluídas nessa lista. A alta foi
de 31% para o produto de melhor
qualidade, e os preços subiram de
R$ 76 em 2003 para até R$ 126.
Os custos mais moderados,
mesmo assim acima da inflação,
foram os dos defensivos agrícolas.
Fungicidas, herbicidas e inseticidas tiveram alta média de 11,6%
nesta safra. Pitoli diz que essa
pressão de custos só não é maior
porque o governo retirou a taxação do PIS/Cofins de alguns produtos agrícolas. Essa retirada inibiu a elevação extra de pelo menos 10,6% para o setor.
Arrendatários
Diante da forte elevação de custos, vão sobreviver os produtores
que conseguirem boa produtividade e que trabalham com a própria terra, na avaliação de Pitoli.
Os arrendatários poderão ter prejuízos. O analista traça três cenários para a rentabilidade dos produtores de soja neste ano.
Tomando por base uma área de
cem hectares, os produtores que
são donos da terra deverão ter
gastos de R$ 125,2 mil e receitas de
R$ 144 mil, o que garante renda líquida de R$ 18,8 mil.
Um produtor que também utilize cem hectares, mas que possui
apenas 50% dessa terra, vai ter
rendimento de apenas R$ 800.
Além dos custos normais de R$
125,2 mil, ele terá de pagar R$ 18
mil de arrendamento. Já o que
trabalha com cem hectares de terra arrendada, gastará R$ 36 mil
com essa operação, o que pode
provocar prejuízo de R$ 17,56 mil.
Ele considera uma média de 10 a
12 sacas por hectare para o pagamento pelo arrendamento.
Pitoli diz que, diante desse aumento de custos, que será ainda
mais pesado nas fronteiras agrícolas, onde a produtividade é menor, a safra 2004/5 de soja pode
não superar os 60 milhões de toneladas. O Departamento de
Agricultura dos EUA estima 66
milhões para o Brasil.
(MZ)
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