|
Texto Anterior | Índice
Mercosul pode assinar acordo se a
UE tirar dois itens de sua proposta
DO COLUNISTA DA FOLHA
O Mercosul acenou ontem com
a possibilidade de aceitar a mais
recente oferta da União Européia,
por mais que ela tenha sido considerada muito ruim. A aceitação se
daria se os europeus retirassem
duas condições que casaram à sua
proposta de cotas de exportação
de produtos agrícolas oferecidas
ao bloco sul-americano.
Uma das condições é a diluição
das cotas em dez anos. A outra é
exigir que seja o importador (portanto, firmas européias) quem administre as cotas, o que "daria
margem à manipulação de preços", na avaliação do embaixador
Régis Arslanian, negociador-chefe do Brasil.
Essas duas condições são "inaceitáveis", reiterou ontem o embaixador, em seminário na Câmara Americana de Comércio marcado por pressões empresariais
para avançar nas negociações tanto com os Estados Unidos, para
criar a Alca, como com a União
Européia.
O debate serviu para que Arslanian e o próprio chanceler Celso
Amorim explicassem os motivos
pelos quais nem a Alca nem o
acordo com a Europa sairão no
prazo originalmente previsto (começo de 2005).
É verdade que Arslanian ainda
não desistiu de fechar o entendimento com os europeus até 31 de
outubro. Mas Amorim se antecipa e diz que, "se não for agora, será em algum momento".
A explicação para não ter havido acordo é simples, na avaliação
de Amorim: "Tudo o que temos
interesse, eles dizem que é sensível para eles".
Já o Mercosul, sempre na avaliação do chanceler, pode não ter feito "tudo o que podia", mas, garante, "fez pelo menos 90%" (na
oferta apresentada aos europeus).
Quanto à Alca, o chanceler culpa a eleição norte-americana, que
naturalmente inibiu a vontade
negociadora de Washington, porque fazer concessões comerciais
em ano eleitoral é sempre um
exercício muito complicado.
O ministro insistiu em que a negociação para acesso a mercado
deveria se dar no formato 4+1, pelo qual os quatro países do Mercosul discutiriam separadamente
com cada um dos 30 outros parceiros da Alca como reduziriam
ou eliminariam suas tarifas de importação.
Essa seria a melhor maneira de
evitar uma negociação conjunta
em que se misturassem interesses
de países de economias tão profundamente diferentes como Canadá, Brasil e Haiti.
(CR)
Texto Anterior: Frase Índice
|