São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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79% das chefes de família ganham menos de R$1.050

Elas já são quase 30% do total de mulheres que trabalham no país, diz IBGE

Mulheres chefes de família estudam menos, enfrentam jornada de trabalho mais longa e têm maior grau de informalidade


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A maioria das brasileiras chefes de família recebe menos de três salários mínimos, revela a pesquisa "O trabalho da mulher principal responsável no domicílio", divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o estudo, 78,6% das mulheres responsáveis pelo sustento da família ganham menos de R$ 1.050.
As chefes de domicílio representam 29,6% da mulheres que trabalham nas seis principais regiões metropolitanas do país. Os resultados da pesquisa mostram que essas mulheres são mais velhas do que a média da população feminina ocupada, apresentam menor nível de escolaridade, ocupam empregos mais precários, com nível de informalidade maior e enfrentam jornada de trabalho mais longa.
Segundo o IBGE, o crescimento da participação das mulheres como chefes de família já configura uma tendência. De 2002 a 2006, esse percentual cresceu 20,9% e, em agosto de 2006, elas somaram 2,7 milhões de pessoas.
"O resultado deve ser observado como uma mudança no padrão de atividade feminina. Isso está relacionado a questões demográficas e a aspectos socioculturais. As mulheres estão conseguindo conciliar mais o casamento com os filhos e as atividades voltadas para o mercado de trabalho", afirmou Luciene Kozovits, analista do IBGE. Ela destaca a queda na fecundidade como um dos fatores que facilitou o ingresso da mulher no mercado.
Metade das mulheres que chefiam famílias moram sozinhas com os filhos. Outras 24,4% são casadas, e 17,5% moram sozinhas.
Uma em cada cinco chefes de família trabalha como empregada doméstica. A participação dessa atividade é de 21,9% contra 18,0% para o total de mulheres ocupadas. Pesquisa anterior do instituto mostrou que dois terços das vagas de domésticas são informais.
O grau de formalização é menor para as mulheres que são as principais responsáveis nos domicílios: 29,0% delas têm carteira de trabalho assinada no setor privado contra 35,4% das mulheres ocupadas. O total de trabalhadoras informais entre as que chefiam o domicílio é de 29,8% contra 29,1% no total de mulheres ocupadas.
Apesar da inserção no mercado de trabalho em piores condições, o desemprego é menor entre as mulheres que chefiam famílias. A taxa fica em 8%, contra 13% para as mulheres economicamente ativas.
O grau de escolaridade das chefes de família é menor do que o das mulheres ocupadas em geral. Elas estudam em média 8,7 anos, contra 9,5 na população feminina ocupada. As chefes de domicílio enfrentam uma jornada de trabalho mais longa: de 39,2 horas contra 38,7 horas para o total de mulheres que trabalham. Neste item, a região metropolitana de São Paulo se destaca, com jornada média de 40,3 horas semanais para as chefes de família.
A média de idade das chefes de família é de 43,5 anos, contra 37,2 anos para a população feminina ocupada. Segundo o IBGE, 62,9% das chefes de família têm 40 anos ou mais. A média de idade para as mulheres que trabalham mas não são as principais responsáveis pelo sustento da família é de 34,6 anos.
"A maior presença de trabalhadoras principais responsáveis nos grupos etários mais altos é explicada pela própria tendência de envelhecimento da população feminina ocupada", afirma o estudo.
A divisão por região metropolitana mostra que São Paulo concentra 40% das chefes de família do país. A comparação com o total de mulheres que trabalham em cada região revela que Salvador tem a proporção mais elevada: 35,7% das mulheres ocupadas são chefes de domicílio.


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