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79% das chefes de família ganham menos de R$1.050
Elas já são quase 30% do total de mulheres que trabalham no país, diz IBGE
Mulheres chefes de família estudam menos, enfrentam jornada de trabalho mais longa e têm maior grau
de informalidade
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A maioria das brasileiras chefes de família recebe menos de
três salários mínimos, revela a
pesquisa "O trabalho da mulher principal responsável no
domicílio", divulgada ontem
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística). De
acordo com o estudo, 78,6% das
mulheres responsáveis pelo
sustento da família ganham
menos de R$ 1.050.
As chefes de domicílio representam 29,6% da mulheres que
trabalham nas seis principais
regiões metropolitanas do país.
Os resultados da pesquisa mostram que essas mulheres são
mais velhas do que a média da
população feminina ocupada,
apresentam menor nível de escolaridade, ocupam empregos
mais precários, com nível de informalidade maior e enfrentam
jornada de trabalho mais longa.
Segundo o IBGE, o crescimento da participação das mulheres como chefes de família já
configura uma tendência. De
2002 a 2006, esse percentual
cresceu 20,9% e, em agosto de
2006, elas somaram 2,7 milhões de pessoas.
"O resultado deve ser observado como uma mudança no
padrão de atividade feminina.
Isso está relacionado a questões demográficas e a aspectos
socioculturais. As mulheres estão conseguindo conciliar mais
o casamento com os filhos e as
atividades voltadas para o mercado de trabalho", afirmou Luciene Kozovits, analista do IBGE. Ela destaca a queda na fecundidade como um dos fatores que facilitou o ingresso da
mulher no mercado.
Metade das mulheres que
chefiam famílias moram sozinhas com os filhos. Outras
24,4% são casadas, e 17,5% moram sozinhas.
Uma em cada cinco chefes de
família trabalha como empregada doméstica. A participação
dessa atividade é de 21,9% contra 18,0% para o total de mulheres ocupadas. Pesquisa anterior do instituto mostrou que
dois terços das vagas de domésticas são informais.
O grau de formalização é menor para as mulheres que são as
principais responsáveis nos domicílios: 29,0% delas têm carteira de trabalho assinada no
setor privado contra 35,4% das
mulheres ocupadas. O total de
trabalhadoras informais entre
as que chefiam o domicílio é de
29,8% contra 29,1% no total de
mulheres ocupadas.
Apesar da inserção no mercado de trabalho em piores
condições, o desemprego é menor entre as mulheres que chefiam famílias. A taxa fica em
8%, contra 13% para as mulheres economicamente ativas.
O grau de escolaridade das
chefes de família é menor do
que o das mulheres ocupadas
em geral. Elas estudam em média 8,7 anos, contra 9,5 na população feminina ocupada. As
chefes de domicílio enfrentam
uma jornada de trabalho mais
longa: de 39,2 horas contra 38,7
horas para o total de mulheres
que trabalham. Neste item, a
região metropolitana de São
Paulo se destaca, com jornada
média de 40,3 horas semanais
para as chefes de família.
A média de idade das chefes
de família é de 43,5 anos, contra
37,2 anos para a população feminina ocupada. Segundo o IBGE, 62,9% das chefes de família
têm 40 anos ou mais. A média
de idade para as mulheres que
trabalham mas não são as principais responsáveis pelo sustento da família é de 34,6 anos.
"A maior presença de trabalhadoras principais responsáveis nos grupos etários mais altos é explicada pela própria
tendência de envelhecimento
da população feminina ocupada", afirma o estudo.
A divisão por região metropolitana mostra que São Paulo
concentra 40% das chefes de
família do país. A comparação
com o total de mulheres que
trabalham em cada região revela que Salvador tem a proporção mais elevada: 35,7% das
mulheres ocupadas são chefes
de domicílio.
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