São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

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BB avança para incorporar bancos

Governo catarinense formaliza hoje transferência do Besc; o do Piauí diz que assina contrato até o final do mês

Instituições privadas como o Bradesco pressionam por concorrência aberta a todos os interessados; Banco de Brasília também é alvo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil avançou no processo de incorporação de dois bancos estaduais -o de Santa Catarina e o do Piauí- na tentativa de ganhar mais força na competição com as grandes instituições privadas.
Ontem o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse que não considera a hipótese de levar adiante um processo de privatização, com concorrência aberta a todos os interessados, do banco do Estado. Dias afirmou que o contrato para a incorporação do BEP (Banco do Estado do Piauí) pelo Banco do Brasil deverá ser assinado até o final do mês.
"O Estado já fez sua opção", afirmou Dias, após reunião, em Brasília, com o presidente do BB, Antônio Lima Neto. Segundo ele, o BB é a instituição que atende da melhor maneira as necessidades do Estado pelo número de agências que possui.
Ainda não foi decidido o preço a ser pago pelo BB para assumir as operações do BEP, mas o governador ressaltou que, ainda que bancos privados se mostrassem dispostos a pagar mais, a opção pelo BB seria mantida.
No caso do banco catarinense, está prevista para hoje, em Florianópolis, a assinatura de contrato, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para a incorporação do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) pelo BB.
Na última terça-feira, o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, criticou transações como a que envolvem o BEP, o Besc e o Banco de Brasília. Segundo ele, os bancos estaduais deveriam ser leiloados publicamente, para que bancos privados pudessem participar.
Os bancos do Piauí e de Santa Catarina estão sob controle da União desde o governo FHC, que assumiu a gestão das instituições financeiras como parte da renegociação das dívidas dos respectivos Estados. O acordo previa que os bancos seriam privatizados e, o dinheiro obtido, usado no abatimento dessas dívidas. Esse foi o destino dado, por exemplo, ao Banespa e ao Banerj, entre outros bancos estaduais federalizados. O modelo de "desestatização" sempre previa a realização de leilões públicos. Já a federalização seguia as regras do Proes (programa de socorro aos bancos estaduais), em que a União adquire o controle de uma instituição para privatizá-la ou extingui-la.
Ontem, Dias afirmou que a assessoria jurídica do Estado do Piauí garante que a incorporação do BEP pelo BB não contradiz as cláusulas do contrato de renegociação da dívida, bastando uma resolução a ser aprovada pelo Senado para que o negócio seja autorizado.
O BEP e o Besc são os únicos bancos estaduais ainda sob controle federal. Hoje o presidente do BB deve se reunir com representantes do governo catarinense para assinar o contrato que vai formalizar a incorporação do Besc. Antes que essa transação seja finalizada, porém, ainda será necessária a contratação de empresas de consultoria independentes para avaliar o valor do Besc. A expectativa do BB é que esse processo se encerre em um ano.


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