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ETERNO REGRESSO
Presidente pede acerto que favoreça crescimento econômico
Lula quer acordo de olho em 2006
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo acordo com o FMI é o
primeiro negociado pelo PT, um
antigo crítico do Fundo Monetário Internacional. O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) um acordo que favoreça o crescimento econômico.
O governo vê o novo acerto com
o FMI como ponte para atravessar 2004 sem sobressaltos e pavimentar o caminho para uma
maior taxa de crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) em 2005
e em 2006, os dois últimos anos
do mandato de Lula. E, assim, facilitar a reeleição de Lula.
Desde a campanha eleitoral de
2002, o PT vem suavizando seu
histórico de críticas ao Fundo. Em
1998, o então candidato Lula disse: "O FMI não existe para ajudar
o país ou ajudar o povo. Existe para ajudar os credores e impor
ajustes fiscais".
Em junho de 2002, ocorreu a
guinada. Na "Carta ao Povo Brasileiro", documento lançado para
acalmar os temores em relação ao
PT, o mesmo candidato Lula disse
que honraria contratos e que faria
o superávit primário (economia
do setor público para pagamento
de juros) necessário. Foi o primeiro recado ao Fundo, reforçado em
julho do mesmo ano pela viagem
a Washington do chefe da campanha petista, o hoje ministro José
Dirceu (Casa Civil). Dirceu esteve
com o FMI, o Bird (Banco Mundial) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para
tranquilizá-los.
Em agosto de 2002, o então presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu os quatro principais
candidatos à sua sucessão para
obter apoio a um acordo de US$
30 bilhões com o FMI.
Lula saiu do gabinete de FHC
dizendo que honraria contratos,
controlaria a inflação e usaria o rigor fiscal necessário. No poder,
cumpriu o prometido com folga,
como mostra o superávit primário de 5,08% do PIB acumulado
até setembro para o setor público.
A meta é de 4,25% do PIB no ano.
Como aluno disciplinado, Lula
espera do FMI um reconhecimento. Apesar das dificuldades
de comparação, deseja um acordo
que possa ser vendido como melhor do que o da Argentina. O país
vizinho peitou o FMI e obteve
vantagens. Lula também sonha
com um acerto que também possa ser vendido como melhor do
que os feitos por FHC.
Nesse contexto, esteve na mesa
de negociação um acordo entre
US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões,
envolvendo flexibilização do superávit primário, como deseja o
PT desde a fase de transição.
Nesta semana, fica claro se o
FMI reconhecerá o bom desempenho do aluno Lula, flexibilizando o superávit e lhe dando espaço
para gastos sociais e em infra-estrutura ou se prevalecerá um
acerto pragmático, de olho no dinheiro barato do Fundo. Nessa
hipótese, uma pequena soma de
dinheiro novo, aliada aos US$ 8
bilhões da última parcela do atual
acordo, criaria o colchão de reservas que o mercado quer para neutralizar eventuais crises externas.
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