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BANCOS
Ganho é o maior entre as instituições que já divulgaram o balanço dos três primeiros trimestres; alta é de 36,2% sobre 2002
Juro alto dá lucro de R$ 2,3 bilhões ao Itaú
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro líquido do banco Itaú,
de R$ 2,298 bilhões, acumulado
de janeiro a setembro, é o maior
registrado pelos bancos privados
neste ano. Nos nove meses encerrados em setembro, o Bradesco
obteve um lucro de R$ 1,591 bilhão, e o Santander Banespa, de
R$ 1,309 bilhão.
O resultado é 36,2% superior ao
registrado em igual período do
ano passado e o segundo maior
-em um período de nove meses- na história recente do setor.
O Itaú encostou no recorde obtido ano passado pelo Santander
Banespa, quando ganhou R$ 2,3
bilhões de janeiro a setembro.
Segundo analistas ouvidos pela
Folha, o lucro do banco é resultado de uma exposição maior em títulos e valores mobiliários
-aproveitando os juros mais altos deste ano. Também reforçou
seus ganhos um forte incremento
das receitas com taxas de serviços
devido à compra do Banco Fiat e
da financeira Fináustria.
Para Silvio de Carvalho, diretor-executivo de controladoria do
Banco Itaú Holding, "os resultados devem-se à incorporação do
BBA e do Banco Fiat, a uma taxa
média de juros mais alta, à menor
volatilidade do câmbio e a um
mercado mais calmo".
De janeiro a setembro, a taxa
média do CDI (Certificado de Depósitos Interbancários), o juro
praticado nas operações entre os
bancos, ficou em 19,16%. No mesmo período do ano passado, a taxa média foi 13,45%.
Já o dólar, que de janeiro a setembro do ano passado subiu
67,85%, neste ano recuou 15,61%
em igual período. "A estratégia do
Itaú, nesse cenário, foi reduzir sua
exposição a crédito e aumentar
em títulos públicos, aproveitando
os juros altos e o menor risco desses ativos", diz Fabiana Arana,
analista da Schroder Brasil.
Carvalho diz que hoje 30% dos
ativos (total de recursos) do Itaú
estão aplicados em títulos e valores mobiliários. No ano passado,
era 23,5% dos ativos.
Os recursos destinados a operações de crédito, que nos primeiros
nove meses de 2002 equivaliam a
31% dos ativos, em setembro deste ano recuaram para 28,3%, apesar da compra de duas instituições voltadas para o financiamento ao consumo -a Fináustria e o
Banco Fiat. "Neste ano, fomos
mais seletivos com crédito", diz
Carvalho. Ele diz esperar um aumento de 10% nessa carteira no
último trimestre do ano.
Receitas
O resultado dessa política foi o
encolhimento das receitas com
operações de crédito -apesar
dos juros maiores do período. Em
nove meses de 2002 as operações
de crédito correspondiam a 45%
das receitas totais do Itaú, segundo cálculo de Guilherme Castilho,
analista da ABM Consulting. Neste ano, até setembro, representavam 34% das receitas totais.
O Itaú aumentou, ainda, suas
receitas com taxas de serviços.
Com a incorporação do BBA, da
Fináustria e do Banco Fiat, as taxas, que representavam apenas
12% das receitas totais do banco
em setembro passado, hoje representam 27%, diz Castilho.
A valorização do real também
deu ao Itaú um ganho contábil de
R$ 1,8 bilhão, na conta de "operações de empréstimos cessão e repasses". "Trata-se de recursos de
operações de captação no exterior. Como o Itaú captou com o
real desvalorizado e está pagando
com a moeda local valendo mais,
tem um desembolso menor na
hora de quitar o empréstimo. Isso
resulta em ganho para o banco",
explica Castilho.
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