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São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2003

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BANCOS

Ganho é o maior entre as instituições que já divulgaram o balanço dos três primeiros trimestres; alta é de 36,2% sobre 2002

Juro alto dá lucro de R$ 2,3 bilhões ao Itaú

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro líquido do banco Itaú, de R$ 2,298 bilhões, acumulado de janeiro a setembro, é o maior registrado pelos bancos privados neste ano. Nos nove meses encerrados em setembro, o Bradesco obteve um lucro de R$ 1,591 bilhão, e o Santander Banespa, de R$ 1,309 bilhão.
O resultado é 36,2% superior ao registrado em igual período do ano passado e o segundo maior -em um período de nove meses- na história recente do setor. O Itaú encostou no recorde obtido ano passado pelo Santander Banespa, quando ganhou R$ 2,3 bilhões de janeiro a setembro.
Segundo analistas ouvidos pela Folha, o lucro do banco é resultado de uma exposição maior em títulos e valores mobiliários -aproveitando os juros mais altos deste ano. Também reforçou seus ganhos um forte incremento das receitas com taxas de serviços devido à compra do Banco Fiat e da financeira Fináustria.
Para Silvio de Carvalho, diretor-executivo de controladoria do Banco Itaú Holding, "os resultados devem-se à incorporação do BBA e do Banco Fiat, a uma taxa média de juros mais alta, à menor volatilidade do câmbio e a um mercado mais calmo".
De janeiro a setembro, a taxa média do CDI (Certificado de Depósitos Interbancários), o juro praticado nas operações entre os bancos, ficou em 19,16%. No mesmo período do ano passado, a taxa média foi 13,45%.
Já o dólar, que de janeiro a setembro do ano passado subiu 67,85%, neste ano recuou 15,61% em igual período. "A estratégia do Itaú, nesse cenário, foi reduzir sua exposição a crédito e aumentar em títulos públicos, aproveitando os juros altos e o menor risco desses ativos", diz Fabiana Arana, analista da Schroder Brasil.
Carvalho diz que hoje 30% dos ativos (total de recursos) do Itaú estão aplicados em títulos e valores mobiliários. No ano passado, era 23,5% dos ativos.
Os recursos destinados a operações de crédito, que nos primeiros nove meses de 2002 equivaliam a 31% dos ativos, em setembro deste ano recuaram para 28,3%, apesar da compra de duas instituições voltadas para o financiamento ao consumo -a Fináustria e o Banco Fiat. "Neste ano, fomos mais seletivos com crédito", diz Carvalho. Ele diz esperar um aumento de 10% nessa carteira no último trimestre do ano.

Receitas
O resultado dessa política foi o encolhimento das receitas com operações de crédito -apesar dos juros maiores do período. Em nove meses de 2002 as operações de crédito correspondiam a 45% das receitas totais do Itaú, segundo cálculo de Guilherme Castilho, analista da ABM Consulting. Neste ano, até setembro, representavam 34% das receitas totais.
O Itaú aumentou, ainda, suas receitas com taxas de serviços. Com a incorporação do BBA, da Fináustria e do Banco Fiat, as taxas, que representavam apenas 12% das receitas totais do banco em setembro passado, hoje representam 27%, diz Castilho.
A valorização do real também deu ao Itaú um ganho contábil de R$ 1,8 bilhão, na conta de "operações de empréstimos cessão e repasses". "Trata-se de recursos de operações de captação no exterior. Como o Itaú captou com o real desvalorizado e está pagando com a moeda local valendo mais, tem um desembolso menor na hora de quitar o empréstimo. Isso resulta em ganho para o banco", explica Castilho.


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