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São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2003

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EMPREGO


Em setembro, 42,7% dos trabalhadores não tinham registro, contra 43,6% dos registrados, segundo dados do IBGE

Trabalho informal quase iguala o formal

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A onda de informalidade que tomou conta do mercado de trabalho nos nove primeiros meses de 2003 praticamente igualou o número de trabalhadores informais ao de empregados formais. Hoje, três das seis maiores regiões metropolitanas do país têm mais gente no mercado informal do que com registro em carteira.
É esse o retrato apontado por dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), levantados a pedido da Folha. A base de informações é a PME (Pesquisa Mensal de Emprego).
Com o aumento expressivo das contratações sem carteira e de empregados por conta própria (na maioria vivem de bicos ou são camelôs), o número de informais atingiu 42,7% do total de empregados em setembro. A cifra é apenas 0,9 ponto percentual menor do que a participação dos trabalhadores com carteira: 43,6%.
Essa é a menor proporção de empregados com carteira desde que o IBGE começou a fazer sua nova pesquisa de emprego, em outubro de 2001. Em janeiro de 2003, o percentual era de 45%. Já o número de informais cresceu: em janeiro de 2003 era de 40,9%.
A soma de informais com trabalhadores com carteira não alcança 100% porque existem ainda outras categorias de ocupação -funcionários públicos, empregadores e não-remunerados (pessoas que trabalham numa empresa da família sem receber salário, por exemplo).
No Rio de Janeiro, em Recife e em Salvador, o número de informais supera o de formais. Isso já acontecia antes, mas a distância aumentou neste ano com o crescimento da informalidade. Em Recife, os informais eram 49,4% em setembro -apenas 34,3% tinham registro.
Mais industrializadas, as regiões metropolitanas de São Paulo, de Belo Horizonte e de Porto Alegre têm menos informais do que empregados legalizados. É que a indústria emprega mais trabalhadores com carteira assinada.
Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME, houve uma precarização do mercado de trabalho, com o descompasso entre o aumento das contratações formais e informais.
O emprego com carteira ficou praticamente estável (+0,2%) em comparação com setembro de 2002, enquanto o sem carteira subiu 8,7%. E o por conta própria teve expansão ainda maior: 11,1%. Na média, houve crescimento de 4,3% na ocupação.
Segundo Pereira, foram criados apenas 28 mil postos de trabalho com carteira entre setembro de 2002 e setembro deste ano.


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