São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELES

Envolto em disputas judiciais acerca de perdas financeiras, grupo do empresário Daniel Dantas nega irregularidades

Opportunity rebate acusação de investidor

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O objetivo do grupo Globalvest, do megainvestidor norte-americano Peter Gruber, ao entrar com processos contra o Citibank em Nova York e contra o Opportunity nas Ilhas Cayman é o de desviar a atenção da ação judicial movida contra ele pelo banco de Daniel Dantas no Brasil.
A afirmação foi feita ontem à Folha por um membro da diretoria do Opportunity, que preferiu não se identificar. Ele refutou todas as acusações feitas por Gruber na ação que o investidor move contra o grupo nas Ilhas Cayman. Sobre a ação contra o Citibank, o Opportunity preferiu não fazer comentários.
Conforme a Folha noticiou no sábado passado, a Globalvest entrou com uma ação contra o Citibank no dia 14 na Suprema Corte de Nova York alegando perdas em investimentos que tem em sociedade com o Opportunity. A Globalvest também entrou com um processo nas Ilhas Cayman contra o Opportunity. Gruber pede indenização de US$ 300 milhões ao Citibank e ao Opportunity. A Globalvest é sócia do banco de Daniel Dantas nas empresas de telefonia móvel Telemig (25%) e Tele Norte (13%).
No texto da ação, Gruber argumenta que foi procurado por uma emissária de Daniel Dantas, de nome Roberta Fischer, com uma proposta de compra das suas ações nas empresas de telefonia celular, e em troca o Opportunity retiraria os processos que move na Justiça contra ele. Segundo Gruber, Dantas teria criado a disputa judicial para desvalorizar seus papéis e assim comprá-los por um valor abaixo do preço de mercado.
O Opportunity nega totalmente essa versão. O Opportunity confirma que a executiva Roberta Fischer manteve alguns encontros com Gruber em nome do banco, mas a proposta feita por ela foi outra.
De acordo com a versão do diretor do Opportunity, o que Fischer propôs a Gruber foi a criação de uma comissão de arbitragem em Nova York para dar um veredicto sobre a disputa judicial. Gruber indicaria um árbitro, o Opportunity outro e os dois árbitros indicariam um terceiro. A decisão que a comissão tomasse seria respeitada pelos dois e o Opportunity suspenderia a ação que move contra a Globalvest. Segundo a fonte do Opportunity, Gruber não aceitou a proposta.
O Opportunity entrou com a ação de perdas e danos contra a Globalvest em abril deste ano na 13ª Vara Federal do Rio de Janeiro sob a alegação de que vários atos ilegais praticados por Gruber acarretaram prejuízos nas empresas de telefonia celular Telemig e Tele Norte. No texto do processo, o Opportunity atribui um valor simbólico para a ação de R$ 100 mil para fins fiscais.
De acordo com o Opportunity, a entrada da Globalvest nas empresas de telefonia móvel já foi feita de forma ilícita. Segundo essa versão, os fundos de Peter Gruber começaram a comprar ações da Telemig e da Tele Norte sem informar ao mercado. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) chegou a punir a operação.
Além de ter adquirido ilegalmente as ações das empresas de telefonia móvel, ainda segundo o Opportunity, a Globalvest teria assinado um acordo de gaveta (não arquivado nas sedes das companhias) com outros sócios, os fundos de pensão e a TIW, para prejudicar o Opportunity. Seria, de acordo com o diretor do banco de Dantas, um complô para destituir o Opportunity do controle.


Texto Anterior: Ponto chique: Iguatemi abre ala com grifes de luxo
Próximo Texto: Citibank evita confirmar as investigações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.