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Governo reduz previsão do PIB para 2009
Com a crise, estimativa cai de 4,5% para 3,7%; desaquecimento da economia deve reduzir arrecadação em R$ 15,2 bi, diz ministro
União terá de fazer corte de R$ 8 bi nos gastos, mas preservará o PAC, afirma Paulo Bernardo; projeção de inflação também é elevada
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise econômica mundial
fez o governo federal rever as
próprias previsões para o cenário econômico em 2009. O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) afirmou ontem que
agora o governo trabalha com
inflação maior que a meta, um
crescimento menor e menos
R$ 15,2 bilhões na receita.
Essa redução equivale a uma
vez e meia as despesas previstas com o programa Bolsa Família, estimadas em R$ 10,6 bilhões. Na prática, esse novo cenário deverá levar a um corte
de R$ 8 bilhões nos gastos públicos da União no próximo
ano, mas não deverá afetar as
obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
preservadas por determinação
do presidente Lula.
Mesmo projetando inflação
de 5%, acima da meta inicial de
4,5%, e expansão do PIB em
3,7% (a projeção inicial para o
crescimento econômico era de
4,5%), Bernardo calcula ser
preciso cortar R$ 15,2 bilhões
em custeio e investimentos,
que inclui parte de receitas repassadas pelo governo federal a
Estados e municípios.
"Quando eu falo que vou perder R$ 15 bilhões de receita não
quer dizer que a União vá perder [sozinha]. A União vai perder perto de R$ 9 bilhões, e os
Estados e os municípios vão
perder R$ 6 bilhões, R$ 6,5 bilhões", afirmou ontem o ministro, logo depois de um encontro
com o relator-geral do Orçamento, senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Quase dois meses após o
aprofundamento da crise internacional, esta é a primeira vez
em que o governo traduz em
números o impacto das turbulências externas para a economia brasileira. Na semana passada, o ministro Guido Mantega (Fazenda) falava que a economia poderia crescer em
2009 entre 4% e 4,5%.
Apesar de projetar crescimento menor, a estimativa do
governo permanece acima dos
3% previstos na pesquisa semanal com o mercado financeiro,
feita pelo Banco Central (Focus), mas está significativamente abaixo do número otimista que vinha sendo pregado
pelo governo até então. Internamente, contudo, alguns assessores do presidente Lula já
falam em crescimento de apenas 2% no próximo ano.
Petróleo
O que mais preocupa o governo, segundo Bernardo, é a variação do preço do barril do petróleo. Na peça orçamentária
enviada ao Congresso em agosto, a estimativa era preço médio de US$ 111 em 2009. Mas,
nos últimos dias, a cotação no
mercado internacional ficou
abaixo dos US$ 70.
Diante desse cenário, o governo estima arrecadar R$ 5,2
bilhões a menos com royalties e
participações especiais provenientes da exploração de petróleo. "O preço do petróleo foi o
fator que mudou mais radicalmente as nossas previsões porque impacta diretamente o pagamento de royalties para
União, Estados e municípios",
disse o ministro.
Ontem, Bernardo afirmou
ainda que a expectativa é perder R$ 10 bilhões em arrecadação de tributos federais no próximo ano, cuja última previsão
estava em R$ 818 bilhões. O ministro ponderou que os parâmetros serão consolidados em
20 dias. Ele espera contar com
novos indicadores, entre eles o
da projeção de inflação.
Outro dado importante a ser
definido nos próximos dias, segundo ele, é o superávit primário de 2009, atualmente em
3,8% do PIB (Produto Interno
Bruto) mais 0,5% do Fundo Soberano do Brasil, que ainda falta ser aprovado pelo Senado.
"A variação do barril de petróleo é importante e a inflação,
também. Se a projeção de inflação é um pouco maior, isso significa que a receita será um
pouco maior porque os preços
serão elevados", disse Bernardo, estimando cortes de R$ 8
bilhões líquidos para a União.
Apesar da redução bilionária
da arrecadação, Paulo Bernardo ainda esbanja otimismo. "Se
for esse patamar de diminuição
da receita, não vejo grandes sobressaltos. Temos condição, no
trabalho que vai ser feito pela
Comissão [de Orçamento] e no
nosso gerenciamento a cada
dois meses, de resolver durante
o ano", disse Bernardo.
Os cortes serão decididos
juntamente com o Congresso.
"Nessa hora, todos nós vamos
ter que nos dar os braços e trabalhar solidariamente", afirmou o ministro.
Colaborou SHEILA D"AMORIM, da Sucursal de
Brasília
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