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Governo decide socorrer montadoras
Em reunião com Banco do Brasil e empresas, Mantega decide criar linha especial para ajudar o setor automobilístico
BB poderá comprar carteiras de crédito dos bancos
das montadoras; sem empréstimos, vendas caem e setor dá férias coletivas
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Em reunião ontem no Ministério da Fazenda, o governo decidiu que injetará dinheiro nas
montadoras para combater o
problema de restrição ao crédito vivido pelo setor com o agravamento da crise de crédito. O
socorro será dado pelo Banco
do Brasil por meio de uma linha
de crédito especial para os bancos das montadoras. O valor
ainda não foi definido.
Além dessa alternativa, o
Banco do Brasil vai estudar
também a possibilidade de
comprar as carteiras de crédito
de automóveis dos bancos das
montadoras, o que seria mais
uma forma de injetar liquidez
no setor. A definição de como
será a ajuda às montadoras deve ser tomada no final de semana, a partir de estudos do BB.
A decisão de socorrer as
montadoras foi tomada ontem,
no final da tarde, após reunião,
em Brasília, do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com representantes do setor.
Participaram do encontro o
presidente do BB, Antônio
Francisco Lima Neto, o presidente da Anfavea (associação
das montadoras), Jackson
Schneider, e outros presidentes de bancos de montadoras,
como Toyota e Volkswagen.
Foi a segunda reunião de
Mantega com as montadoras
em uma semana. Na sexta-feira
ele se reuniu, em seu gabinete,
em São Paulo, com todos os
presidentes das montadoras no
país. Eles expuseram a Mantega a preocupação com a paralisia do crédito no setor, que responde por 70% das vendas de
automóveis no país.
Após bater vários recordes de
vendas neste ano, elas caíram
pela primeira vez em outubro.
O quadro traçado pelas montadoras nessas duas reuniões
foi bastante preocupante. Desde o início deste mês, o crédito
interbancário praticamente secou e as montadoras ficaram
sem liquidez para continuar financiando as vendas.
Os empréstimos oferecidos
pelos grandes bancos às montadoras não só encareceram como o prazo de pagamento caiu
substancialmente. Chegaram a
ser oferecidos créditos para pagamento em até 60 dias, o que é
quase inviável para o setor, que
vende a prazos bem dilatados.
O resultado dessa secura no
crédito foi que as vendas de veículos no Brasil caíram em 11%
em outubro em relação a setembro e 2,12% em comparação ao mesmo mês do ano passado. A decisão de socorrer as
montadoras foi mais um passo
do governo para tentar evitar
que a crise financeira provoque
uma desaceleração muito forte
na economia.
O governo pretende ajudar
principalmente os setores que
mais empregam. Além das
montadoras, a Fazenda já
anunciou recentemente apoio
ao setor agropecuário e uma linha de crédito de R$ 3 bilhões à
construção civil. Os três setores
estão entre os maiores empregadores do Brasil.
O setor automotivo é considerado importante pelo governo. A cadeia automobilística representa 24% da produção industrial brasileira.
Com a falta de crédito e a
queda nas vendas, várias montadoras que atuam no Brasil já
anunciaram férias coletivas
(leia texto ao lado).
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