São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

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Governo decide socorrer montadoras

Em reunião com Banco do Brasil e empresas, Mantega decide criar linha especial para ajudar o setor automobilístico

BB poderá comprar carteiras de crédito dos bancos das montadoras; sem empréstimos, vendas caem e setor dá férias coletivas

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

Em reunião ontem no Ministério da Fazenda, o governo decidiu que injetará dinheiro nas montadoras para combater o problema de restrição ao crédito vivido pelo setor com o agravamento da crise de crédito. O socorro será dado pelo Banco do Brasil por meio de uma linha de crédito especial para os bancos das montadoras. O valor ainda não foi definido.
Além dessa alternativa, o Banco do Brasil vai estudar também a possibilidade de comprar as carteiras de crédito de automóveis dos bancos das montadoras, o que seria mais uma forma de injetar liquidez no setor. A definição de como será a ajuda às montadoras deve ser tomada no final de semana, a partir de estudos do BB.
A decisão de socorrer as montadoras foi tomada ontem, no final da tarde, após reunião, em Brasília, do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com representantes do setor.
Participaram do encontro o presidente do BB, Antônio Francisco Lima Neto, o presidente da Anfavea (associação das montadoras), Jackson Schneider, e outros presidentes de bancos de montadoras, como Toyota e Volkswagen.
Foi a segunda reunião de Mantega com as montadoras em uma semana. Na sexta-feira ele se reuniu, em seu gabinete, em São Paulo, com todos os presidentes das montadoras no país. Eles expuseram a Mantega a preocupação com a paralisia do crédito no setor, que responde por 70% das vendas de automóveis no país.
Após bater vários recordes de vendas neste ano, elas caíram pela primeira vez em outubro.
O quadro traçado pelas montadoras nessas duas reuniões foi bastante preocupante. Desde o início deste mês, o crédito interbancário praticamente secou e as montadoras ficaram sem liquidez para continuar financiando as vendas.
Os empréstimos oferecidos pelos grandes bancos às montadoras não só encareceram como o prazo de pagamento caiu substancialmente. Chegaram a ser oferecidos créditos para pagamento em até 60 dias, o que é quase inviável para o setor, que vende a prazos bem dilatados.
O resultado dessa secura no crédito foi que as vendas de veículos no Brasil caíram em 11% em outubro em relação a setembro e 2,12% em comparação ao mesmo mês do ano passado. A decisão de socorrer as montadoras foi mais um passo do governo para tentar evitar que a crise financeira provoque uma desaceleração muito forte na economia.
O governo pretende ajudar principalmente os setores que mais empregam. Além das montadoras, a Fazenda já anunciou recentemente apoio ao setor agropecuário e uma linha de crédito de R$ 3 bilhões à construção civil. Os três setores estão entre os maiores empregadores do Brasil.
O setor automotivo é considerado importante pelo governo. A cadeia automobilística representa 24% da produção industrial brasileira.
Com a falta de crédito e a queda nas vendas, várias montadoras que atuam no Brasil já anunciaram férias coletivas (leia texto ao lado).


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