São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

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Austrália corta juro pela 2ª vez em um mês

DA REDAÇÃO

Pela segunda vez em menos de trinta dias, o banco central australiano reduziu a taxa de juros, buscando impedir que a economia do país entre em recessão. O corte de ontem, de 0,75 ponto percentual, levou a taxa para o seu menor nível desde março de 2005: 5,25%.
A redução foi maior do que esperavam os analistas, e a expectativa é a de que o BC australiano volte a cortar os juros na sua próxima reunião, em dezembro. No encontro do mês passado, a entidade já tinha reduzido a taxa de juros em um ponto percentual -o maior corte em 16 anos.
O presidente do banco central da Austrália, Glenn Stevens, explicou a medida dizendo que "a deterioração nas condições internacionais e a queda nos preços das commodities terão uma influência amortecedora" no crescimento econômico, apesar dos cortes nos juros, do plano de estímulo de US$ 10 bilhões anunciado no mês passado e da desvalorização da moeda local.
Nos últimos dias, bancos centrais de diversos países, como os Estados Unidos, a Índia, a Coréia do Sul e o Japão, cortaram as taxas de juros para tentar estimular suas economias, em um momento em que boa parte do mundo está ou ruma para uma recessão. E a expectativa é que os BCs da zona do euro e do Reino Unido voltem a diminuir os juros nos encontros que ocorrem amanhã.
E a intensidade dos cortes mostra a preocupação com que alguns desses BCs estão interpretando o momento das suas economias. Na Coréia do Sul, por exemplo, a redução na taxa de juros, de 0,75 ponto percentual, foi a maior já realizada pelo BC local. O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) cortou a taxa em um ponto percentual, em duas decisões no mês passado, e levou os juros para um nível que não era visto em mais de quatro anos.
Ampliando o período de pesquisa para desde 15 de setembro, quando o então quarto maior banco de investimento norte-americano, o Lehman Brothers, pediu concordata e deu início ao recrudescimento da crise, são raros os bancos centrais que não cortaram os juros. Entre as 20 maiores economias mundiais, somente o Brasil, a Rússia e a Indonésia não diminuíram as suas taxas -o país do sul da Ásia foi o único que aumentou os juros.
A decisão brasileira (que, na semana passada, manteve os juros em 13,75%) não foi seguida nem por países que tiveram as suas moedas fortemente desvalorizadas na comparação com o dólar, como a Austrália e a Coréia do Sul, que foram uns dos mais agressivos na redução da taxa básica.
Se não encontra muitas referências entre as grandes economias mundiais, a decisão brasileira foi adotada por boa parte dos principais países da América Latina, como México, Chile, Venezuela e Colômbia.
A decisão de aumentar os juros após o agravamento da crise foi seguida por poucos países, como Islândia e Hungria, que recorreram recentemente a empréstimos do FMI.


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