São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

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Classe C viaja mais e turbina turismo no país, diz estudo

Pesquisa traça o perfil do turista; NE é destino preferido

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O brasileiro viajou mais a turismo pelo país nos últimos dois anos, segundo indica pesquisa divulgada ontem pelo Ministério do Turismo. O percentual dos que fizeram pelo menos uma viagem interna passou de 32,4%, entre 2005 e 2007, para 58,8% nos últimos dois anos (variação de 83,7%).
O estudo mostra ainda que caiu de 32,5% para 7,6% o percentual de brasileiros que não viajaram nos dois anos anteriores e não pretendiam viajar nos dois seguintes.
O gasto médio total dos que viajaram, por outro lado, teve uma queda de 9% no período. Essa diminuição pode ser explicada em parte pela ampliação da base dos consumidores, trazendo para o consumo pessoas com renda menor, diz Márcio Nascimento, diretor do Departamento de Promoção e Marketing Nacional da ministério. Outra justificativa, segundo a pasta, é o barateamento de parte dos serviços.
A presença maior das pessoas de renda mais baixa deve fazer a "indústria do turismo repensar o hábito do mercado", afirma o ministro da pasta, Luiz Barretto. "Há uma nova classe média com quem dialogar. Mais de 60% de quem viajou ganha até dez salários mínimos. A chamada classe C tem um peso também no turismo."
Além desse fator, outros colaboraram para o aumento do turismo nacional, como a crise econômica e a gripe A (que diminuíram viagens para países vizinhos), diz o governo.
A pesquisa foi feita pelo Instituto Vox Populi, com 2.322 entrevistas entre junho e julho deste ano em 11 capitais. Foram ouvidos maiores de 18 anos, de todas as classes econômicas. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
O perfil traçado do viajante brasileiro mostra que ele viaja principalmente com a família, para destinos no Nordeste e por um curto período de tempo (54,6% por até uma semana).
A grande maioria (80,3%) se desloca nas férias e um número expressivo viajou nos feriados e finais de semana prolongados (66,8%) nos últimos dois anos -a pesquisa anterior mostrava um percentual menor, de 41%.
O brasileiro também recorre mais a dicas de conhecidos e à internet para planejar sua viagem, buscando agências especializadas em viagens apenas em 5,6% dos casos.
As estradas são usadas pela maioria das pessoas: 41,8% usam normalmente o carro, e 23,8%, o ônibus. O avião é usado por 33,5% dos viajantes.
Apesar de pensarem o deslocamento com certa antecedência, 19,9% dos viajantes pagam a viagem em até sete dias da partida. O pagamento é feito à vista em 63,2% dos casos.
Esses dados se referem ao chamado cliente atual, ou seja, o que viajou pelo menos uma vez nos últimos dois anos. A pesquisa mostra ainda as expectativas do cliente potencial: o que demonstra interesse de procurar destinos nacionais nos próximos dois anos.
Há diferenças entre esses dois públicos, como a renda. Enquanto 35,5% dos que viajaram têm renda familiar de até cinco salários mínimos, 58,5% dos que pretendem viajar nos próximos anos pertencem a essa faixa salarial.
Trabalhar esse "turismo social", oferecendo produtos às classes C e D, é um dos principais pontos da pesquisa que podem levar ao desenvolvimento de políticas públicas e privadas, explica Elisangela Machado, do CET (Centro de Excelência em Turismo) da UnB. Outro é a referência ao maior uso de hotéis. "Se eu tenho mais brasileiros viajando e vou ter um incremento ainda com a Copa, como vou atender meu público interno e externo?"


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