São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÍDIA

Gazeta trava com Tanure disputa na Justiça do RJ

DA REPORTAGEM LOCAL

A batalha judicial entre a JB Comercial S.A, do empresário Nelson Tanure, e a Gazeta Mercantil, da família Levy, deve esquentar. A JB, credora da Gazeta, recorreu da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que condicionou o arresto (apreensão judicial de bens do suposto devedor para garantia) em dinheiro.
"Recorri da decisão para que o tribunal permita que o arresto possa ser feito em imóvel, carta de garantia bancária e ações", afirma Alexandre Carneiro Monteiro, diretor jurídico da Docas Investimentos, holding de negócios de Tanure.
No dia 28 de novembro, a juíza Neusa Regina Larsen de Alvarenga Leite, da 21ª Vara Cível da Capital do Rio de Janeiro, determinou a penhora dos bens da Gazeta Mercantil e sentenciou o arresto de seu call center, considerado o filé mignon da empresa.
Em sua decisão, ela diz: "Tendo em vista que a devedora ofereceu como bem a ser penhorado imóvel de terceiros deve ser aceita a indicação da parte credora da penhora recair sobre o estabelecimento comercial da executada." Em sua sentença, ela nomeou como depositário Roberto Epelbaum, que deverá apresentar honorários e forma de administração da empresa em dez dias. Também escreveu: "Venha a caução na forma do artigo 816, inciso 2º do Código de Processo Cível, que deverá ser em dinheiro."
A JB Comercial informa que tem a receber da Gazeta R$ 2,5 milhões. "Queremos receber esse dinheiro", afirma Carneiro Monteiro. Ele diz que a direção da Gazeta reconheceu essa dívida em documento assinado no dia 11 de dezembro de 2001.
Desde maio deste ano, a empresa de Tanure tenta receber esse dinheiro na Justiça. "Eles perderam prazo de oferecimento de bens e também chegaram a oferecer uma fazenda que não existe."
A Gazeta Mercantil vai recorrer da decisão judicial que penhorou seus bens, por considerar que a dívida não é legítima, é objeto de discussão. O recurso será apresentado ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, assim que a decisão judicial for publicada no Diário Oficial da União, o que pode ocorrer ainda hoje, segundo Carneiro Monteiro.
A Gazeta Mercantil tem outra dívida, da ordem de R$ 5 milhões, com Sérgio Thompson-Flores, um dos sócios da Worldinvest, que trabalhou no processo de reestruturação do jornal no período de um ano. A Gazeta também está com o aluguel atrasado do imóvel onde está instalada.
O empresário Nelson Tanure começou seu negócio com a família Levy a partir de um acordo entre a Gazeta Mercantil e o Jornal do Brasil, que pertence a Tanure, para venda conjunta de anúncios em 2000, quando teria colocado os R$ 2,5 milhões no negócio.
A Worldinvest passou a reestruturar o jornal depois que os dois empresários não se entenderam. A parceria também não foi para a frente. Procurada pela Folha, a direção da Gazeta Mercantil não se pronunciou.


Texto Anterior: Em transe: Fuga de dólares cai 90,8% em novembro
Próximo Texto: Crise no ar: Varig não terá ajuda sem reestruturação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.