São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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A ÁGUIA RESPIRA

Produtividade aumentou mais que o previsto, serviços seguem em alta e encomenda à indústria voltou a crescer

Indicadores apontam recuperação nos EUA

DA REDAÇÃO

A produtividade do trabalhador norte-americano cresceu acima do previsto no terceiro trimestre do ano. Em dois outros indicadores positivos, o setor de serviços, o maior da economia dos EUA, registrou o décimo mês seguido de expansão, enquanto as encomendas à indústria voltaram a crescer.
Os bons sinais se somam a outros divulgados na semana passada e indicam que a situação econômica deixou de se deteriorar. Se há dois meses boa parte dos analistas acreditava que o país estava fadado a viver uma nova recessão, hoje tal possibilidade parece remota -a menos que os EUA se envolvam em uma guerra prolongada no Iraque.
"Os números nos mostram que não há o menor risco de a economia entrar em uma recessão de mergulho duplo", afirmou Clifford Waldman, economista da consultoria Waldman Associates. "Os consumidores tiveram a energia suficiente para manter a economia caminhando."
A produtividade dos trabalhadores norte-americanos cresceu 5,1% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, acima da estimativa inicial de 4%. A expansão bateu as expectativas dos analistas.
Já as encomendas à indústria cresceram 1,5% em outubro, depois de terem enfrentado dois meses seguidos de queda. Em setembro, segundo o Departamento de Comércio, ocorrera uma retração de 2,4%.
Ainda ontem, o Instituto de Gerenciamento de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que seu índice de atividade no setor de serviços cresceu de 53,1 pontos, em outubro, para 57,4 pontos, no mês passado. Leituras acima de 50 pontos indicam crescimento na atividade. Assim, o setor acumula dez meses de expansão ininterrupta.

Trabalhador produz mais
A produtividade (total que cada funcionário produz por hora de trabalho) havia crescido apenas 1,7% no segundo trimestre, de acordo com o Departamento do Trabalho dos EUA. Nos 12 meses encerrados em setembro, houve um crescimento de 5,6% em relação aos 12 meses anteriores, o maior salto para um período de quatro trimestres desde 1966.
Avanços em produtividade permitem que as empresas lucrem mais (e eventualmente paguem mais a seus funcionários) sem ter de aumentar os preços. Outro ponto positivo é que a economia pode crescer de maneira acelerada sem que haja forte pressão inflacionária.
Para Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), a introdução de novas tecnologias estimulou o vigoroso aumento de produtividade da década passada, que propiciou ao país viver seu mais duradouro período de crescimento econômico. De 1974 a 1995, a produtividade cresceu em média 1,4% ao ano. De 1996 a 2001, o ganho médio anual subiu para 2,5%.
Mas os recentes avanços em produtividade encobrem um aspecto negativo. As empresas fizeram severos ajustes para se adequar ao novo nível de demanda, e os funcionários que não perderam o emprego tiveram que, na média, trabalhar mais.
Desde o início da recessão econômica, em março do ano passado, quase 2 milhões de postos de trabalhos foram fechados nos EUA, e a taxa de desemprego saltou de 4% para 5,7%. A taxa de outubro será divulgada amanhã, e a expectativa dos analistas é que atinja 5,8%.

Mercados
A despeito dos bons indicadores, a Bolsa de Nova York permaneceu no vermelho durante a maior parte do pregão. No final do dia, o índice Dow Jones ficou praticamente estável em relação ao encerramento do dia anterior.
Puxada por um prognóstico negativo emitido pela fabricante de computadores Hewlett-Packard, a Nasdaq encerrou o dia com queda de 1,3%. O índice Standard & Poor's das 500 principais empresas cedeu 0,35%.


Com agências internacionais


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