ELAINE COTTA
DA FOLHA ONLINE

A Embraer "terá de rebolar" para conseguir dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A afirmação foi feita pelo presidente do banco, Carlos Lessa.
Ele negou a afirmação de anteontem do presidente da empresa, Maurício Botelho, segundo a qual o banco havia confirmado a liberação de US$ 1,8 bilhão para a venda de aviões em 2004.
Lessa chegou a brincar com os jornalistas ao comentar o caso da companhia e cantarolou trecho do samba "Tem que Rebolar", de 1965, composto por José Batista e Magno de Oliveira. "Para botar a mão no meu dinheiro, você vai ter que rebolar, rebolar, rebolar", recitou Lessa. "Tá pensando que é só vir com "me dá um dinheiro aí" que a gente libera?", disse o presidente do BNDES na CUT (Central Única dos Trabalhadores), em São Paulo.
As relações entre o BNDES e a Embraer, segunda maior exportadora do país, estão estremecidas desde a divulgação do balanço da Embraer do segundo trimestre.
A empresa culpou a demora na liberação de recursos do BNDES pelo pior resultado trimestral desde 1999.
Ontem, as ações preferenciais (sem direito a voto) da Embraer fecharam em queda de 1,47% na Bolsa de Valores de São Paulo, cotadas a R$ 22,65, depois de terem subido 4,9% no dia anterior. A valorização, na quarta, havia sido atribuída à declaração de Botelho confirmando o financiamento.
O presidente do BNDES, no entanto, não descartou que a companhia aérea receberá recursos do banco no ano que vem. "Não me surpreenderá se forem liberados volumes muito grandes para a Embraer", disse.
Durante o almoço de final de ano da Embraer, Botelho havia afirmado que representantes do BNDES confirmaram a alocação desse montante para 2004.
Na ocasião, ele declarou que o mercado financeiro internacional "fugiu" do setor de aviação após o 11 de Setembro e que por isso "o suporte das agências de crédito, como o BNDES", é importante neste momento.