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TRIBUTAÇÃO
Expectativa inicial era de R$ 4 bi, mas agora são esperados R$ 5,76 bi
Fazenda já admite receita
"extra" maior com a Cofins
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda divulgou ontem que espera um ganho
"máximo" de R$ 5,76 bilhões por
ano com o aumento da alíquota
da Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social) a partir de fevereiro próximo. Apesar disso, o governo não
acena aos empresários com a possibilidade de mudanças nas novas
regras.
Consultores especializados em
tributação e técnicos da Comissão
Mista de Orçamento esperam arrecadação extra entre R$ 8 bilhões
e R$ 10 bilhões. Ao anunciar a medida provisória da Cofins, o governo havia projetado ganho em
torno de R$ 4 bilhões para 2004.
Segundo o secretário-executivo
do ministério, Bernard Appy, o
ganho que governo terá deve ser
anulado com o passar do tempo.
Ele não deu perspectiva de modificações no texto da medida provisória como reivindicaram vários setores empresariais ao longo
da semana: "A intenção é manter
a medida [provisória] como está".
Ontem, os líderes governistas na
Câmara dos Deputados tiveram
uma reunião com o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
para acertar o que fazer com a
medida provisória que deverá ser
votada na semana que vem. Muitos setores empresariais têm procurado os deputados, reclamando
de perdas, já que vão pagar mais
com a contribuição.
Perdas e ganhos
Relatório elaborado pela Trevisan Consultoria Estratégica para a
Fesesp (Federação de Serviços do
Estado de São Paulo) indica que o
setor de serviços terá aumento de
76% no valor da contribuição a
ser paga a partir de fevereiro. A indústria teria aumento de 16%, enquanto o comércio pagaria 32%
menos de Cofins.
Os líderes saíram dizendo que o
governo poderia retirar da reforma tributária -antecipando,
portanto, a votação- a medida
que retira metade da contribuição
previdenciária sobre a folha de salários das empresas, transferindo
essa incidência para o faturamento.
A medida favoreceria o setor de
serviços, que gera muitos empregos. O setor deve ser prejudicado
pelas mudanças na Cofins porque
tem uma cadeia curta de produção. A medida provisória da Cofins, editada ao final de outubro,
acaba com a incidência cumulativa da contribuição (em todas as
fases da produção), mas, em compensação, a alíquota sobe de 3%
para 7,6% (alta de 153,3%).
"Nós não podemos aprovar a
medida provisória sem ter uma
solução para essa questão [contribuição previdenciária]", disse o
relator da MP, deputado Jamil
Murad (PC do B-SP).
Mudanças complexas
Appy, porém, disse que não é
possível fazer várias mudanças
complexas ao mesmo tempo.
"Temos de fazer com segurança
para que a Previdência Social não
seja prejudicada", disse o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, que participou da reunião.
Além disso, a mudança na contribuição previdenciária não traz
apenas benefícios. Empresas que
investiram em tecnologia e reduziram sua folha de pagamento serão prejudicadas.
Segundo Appy, o ministério refez as contas dos ganhos de arrecadação com a Cofins a partir da
análise do que aconteceu com o
PIS. O PIS deixou de ser cumulativo neste ano e no período abril-outubro arrecadou R$ 765 milhões extras.
Appy explicou que o ganho em
2004 será de, no máximo, R$ 4,8
bilhões porque a contribuição vigorará a partir de fevereiro, com
pagamento inicial apenas em 15
de março (dos 12 recolhimentos
do ano, apenas 10 serão feitos com
base na nova modalidade).
A previsão de R$ 4 bilhões havia
sido feita com base nas projeções
de arrecadação da nova contribuição sobre importados que será
criada com a reforma tributária. A
maior parte do ganho com a nova
Cofins ocorrerá por causa da tributação indireta dos importados.
O restante dos ganhos, segundo
Appy, será "temporário". Decorre
principalmente da queda de liminares contra o pagamento da Cofins. Como a contribuição muda
completamente, essas liminares
perdem a validade. "As empresas
também demoram um pouco a
aprender as possibilidades de dedução do tributo a pagar."
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