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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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FLUXO DE CAPITAIS

País terá metade dos recursos mundiais neste ano, diz estudo

China atrai mais investimento global

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O Brasil e a América Latina estão perdendo terreno rapidamente na atração de investimentos estrangeiros diretos na comparação com países asiáticos, em especial para a China.
A região latino-americana é considerada hoje uma das mais burocratizadas do mundo e ainda repleta de entraves ao fluxo de investimentos. Faltam marcos regulatórios definidos, lei de falências modernas e crescimento.
Essas são as principais conclusões do seminário "Clima para Investimentos na América Latina" realizado ontem no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Washington.
Charles Dallara, diretor do IIF (Institute of International Finance), que reúne os principais bancos do mundo, diz que metade dos US$ 106 bilhões em investimentos diretos previstos no mundo neste ano será dirigida para a China. "Os mecanismos para atração de capital têm evoluído muito mais rápido em outras regiões do mundo do que na América Latina", afirma Dallara, que vê a "falta de transparência em questões legais" como o principal obstáculo na região.
O economista-chefe do BID, Guillermo Calvo, diz que a América Latina tem hoje um nível de cumprimento às leis "bem abaixo da média mundial" e que a falta de "proteção aos credores" é o maior entrave a financiamentos.
Calvo afirma que a região continua sendo um sinônimo de ""corrupção, burocracia e carga tributária elevada" para investidores.
Diana Farrell, diretora da consultoria McKinsey Global, apresentou no seminário uma série de distorções no Brasil causadas pelo excesso de carga tributária e por políticas de incentivo consideradas "equivocadas".
No setor de supermercados médios e pequenos, por exemplo, os sonegadores no Brasil são "premiados" por uma lucratividade três vezes maior do que os mexicanos -o que empurraria os brasileiros à informalidade.
Na área automobilística, diz o estudo, incentivos e empréstimos oficiais levaram a uma queda de produtividade de 20% nos últimos anos e a uma capacidade ociosa de 45%.
Questionado sobre os dados e a perda de atratividade para investimentos, o ministro do Planejamento do Brasil, Guido Mantega, disse que há um "certo exagero" nas críticas. "Mas não podemos negar que existe um excesso de burocracia que deve ser abolido."


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