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FLUXO DE CAPITAIS
País terá metade dos recursos mundiais neste ano, diz estudo
China atrai mais investimento global
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O Brasil e a América Latina estão perdendo terreno rapidamente na atração de investimentos estrangeiros diretos na comparação
com países asiáticos, em especial
para a China.
A região latino-americana é
considerada hoje uma das mais
burocratizadas do mundo e ainda
repleta de entraves ao fluxo de investimentos. Faltam marcos regulatórios definidos, lei de falências
modernas e crescimento.
Essas são as principais conclusões do seminário "Clima para
Investimentos na América Latina" realizado ontem no BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Washington.
Charles Dallara, diretor do IIF
(Institute of International Finance), que reúne os principais bancos do mundo, diz que metade
dos US$ 106 bilhões em investimentos diretos previstos no mundo neste ano será dirigida para a
China. "Os mecanismos para
atração de capital têm evoluído
muito mais rápido em outras regiões do mundo do que na América Latina", afirma Dallara, que
vê a "falta de transparência em
questões legais" como o principal
obstáculo na região.
O economista-chefe do BID,
Guillermo Calvo, diz que a América Latina tem hoje um nível de
cumprimento às leis "bem abaixo
da média mundial" e que a falta
de "proteção aos credores" é o
maior entrave a financiamentos.
Calvo afirma que a região continua sendo um sinônimo de ""corrupção, burocracia e carga tributária elevada" para investidores.
Diana Farrell, diretora da consultoria McKinsey Global, apresentou no seminário uma série de
distorções no Brasil causadas pelo
excesso de carga tributária e por
políticas de incentivo consideradas "equivocadas".
No setor de supermercados médios e pequenos, por exemplo, os
sonegadores no Brasil são "premiados" por uma lucratividade
três vezes maior do que os mexicanos -o que empurraria os brasileiros à informalidade.
Na área automobilística, diz o
estudo, incentivos e empréstimos
oficiais levaram a uma queda de
produtividade de 20% nos últimos anos e a uma capacidade
ociosa de 45%.
Questionado sobre os dados e a
perda de atratividade para investimentos, o ministro do Planejamento do Brasil, Guido Mantega,
disse que há um "certo exagero"
nas críticas. "Mas não podemos
negar que existe um excesso de
burocracia que deve ser abolido."
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