São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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BNDES agora confirma R$ 1 bi novo para TV

Anteontem, instituição havia dito que recurso para financiar rede varejista na venda de conversor digital sairia de programa já existente

No domingo, Lula havia anunciado linha adicional de R$ 1 bi, que se somaria à já existente destinada a emissoras e indústrias

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A abertura da linha de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar a rede varejista na venda do conversor digital virou novela.
Um dia depois de o diretor de Planejamento do banco ter dito que os recursos sairiam de programa já existente, o que implicava não haver dinheiro novo, o presidente da instituição, Luciano Coutinho, confirmou em nota a declaração dada pelo presidente Lula, no domingo à noite, sobre a criação de linha adicional de R$ 1 bilhão.
""Para que não paire nenhuma dúvida, venho a público esclarecer que o BNDES lançou uma nova linha de R$ 1 bilhão para financiar a rede varejista na comercialização dos conversores de TV digital, conforme anunciado pelo presidente Lula, no domingo", diz o texto assinado por Coutinho.
Segundo a nota, enviada a jornais, a nova linha (ProTVD Consumidor) se insere no ProTVD (Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre), em vigor desde fevereiro.
De acordo com Coutinho, à dotação original do ProTVD, de R$ 1 bilhão, para financiamento às emissoras de televisão, às indústrias e à produção de conteúdo de programação, será acrescido mais R$ 1 bilhão, para o financiamento ao comércio, ""para, com os objetivos traçados pelo governo federal, ampliar o acesso de toda a população à nova tecnologia".
O presidente do BNDES, que se reuniu ontem com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em Brasília, não deu entrevista para explicar a razão das explicações conflitantes, limitando-se a distribuir uma nota de dois parágrafos.

A polêmica
Na inauguração da televisão digital, no domingo, Lula anunciou, em rede nacional de TV, ter determinado ao BNDES que desenvolva um programa de incentivo à implantação da TV digital. ""No valor de R$ 1 bilhão, ele irá dar apoio à rede varejista para baratear a venda do conversor que permite a recepção do sinal digital pelos atuais televisores analógicos", disse.
Ainda no domingo, a assessoria do banco confirmou que estaria sendo criada nova linha de R$ 1 bilhão, além do R$ 1 bilhão aprovado em fevereiro, na criação do programa ProTVD.
Na segunda-feira, porém, o BNDES afirmou que os recursos anunciados pelo presidente são os mesmos do ProTVD, que seriam alocados para financiar o comércio. Segundo o diretor de Planejamento, João Carlos Ferraz, não houve demanda de financiamento por parte da indústria, dos radiodifusores e dos produtores de conteúdo para a utilização da linha de R$ 1 bilhão criada em fevereiro, que seria alocada, então, para financiamento ao comércio.
Desde fevereiro, segundo o banco, só foram liberados R$ 9 milhões dos recursos previstos no ProTVD. Só um projeto foi aprovado: do SBT, para implantação de 197 retransmissores. As emissoras de TV queixam-se de que os critérios do BNDES são muito rígidos e a maioria delas não consegue atendê-los.
O banco não costuma financiar a rede varejista. A primeira experiência foi com o programa Computador para Todos. Para o BNDES, o financiamento à venda dos conversores da TV digital se justifica para ""estruturar esse segmento por meio do puxão da demanda". À medida que o consumo aumentar, a indústria terá mais escala de produção e os preços ao consumidor cairão, calcula.
O financiamento seguirá o modelo já consagrado do Computador Popular. Nos empréstimos concedidos diretamente pelo banco, o custo do dinheiro será a TJLP (taxa de juros de longo prazo, atualmente de 6,25% ao ano), mais a remuneração básica do BNDES, de 4,5% ao ano.
Se o lojista fizer o empréstimo nos bancos credenciados pelo BNDES, a remuneração do agente financeiro será de 2,5% ao ano. O BNDES se compromete a reduzir sua taxa de remuneração para 1% ao ano se o lojista cobrar juro de até 2% ao mês do consumidor final, como forma de induzir a redução do preço do produto.


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