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Governo não tem como segurar emprego, diz Dilma
Empresas criaram "aversão a novos investimentos", diz ela em encontro com CUT
Sindicalistas pedem que bancos estatais como o BNDES condicionem oferta de crédito a cláusula de manutenção de emprego
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em debate ontem com representantes da CUT, a ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil) foi
cobrada para que o governo intervenha nas demissões que estão ocorrendo para impedir o
aumento do desemprego, já admitido pelo próprio governo.
"Ministra, o governo deveria
interferir diretamente na Vale,
que já demitiu 1.300 funcionários, e na Embraer, que temos
informação que vai começar a
demitir", pediu Vagner Freitas,
presidente da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
Dilma disse concordar com
os sindicalistas que a crise
mundial já chegou ao Brasil pelas demissões e pela diminuição das projeções de investimentos. Mas disse que não pode interferir diretamente para
impedi-las de cortar funcionários. "O governo não pode legislar sobre empregos. Não podemos baixar uma medida provisória dizendo "fique o emprego
como está". Isso é muito complicado." Ela disse que serão
feitos todos os esforços para garantir o nível de investimentos
e do emprego. "É uma das questões centrais para o governo
não deixar que uma queda do
emprego comprometa tudo o
que conquistamos até agora."
Artur Henrique, presidente
da CUT, disse que Dilma se
comprometeu a levar ao presidente Lula e ao ministro Guido
Mantega (Fazenda) o pedido da
CUT de incluir nos empréstimos de bancos estatais, como
BNDES, Banco do Brasil e CEF,
cláusulas que garantam o nível
de emprego. A Argentina anunciou medida nessa linha ontem
.
Segundo o sindicalista, a ministra também reafirmou o
compromisso de manter os investimentos no PAC e em programas sociais como forma de
gerar emprego e renda no país.
Sobre as demissões na Vale,
disse que a maioria foi no exterior. "A Vale nos informou que
o volume básico da demissão é
no exterior. Nós vamos tomar
todas as medidas para evitar ao
máximo o desemprego. Acho
que isso vai depender de várias
variáveis econômicas."
A CUT também pediu que o
governo estabeleça critérios
para liberar dinheiro a setores
da economia, citando como
exemplo os R$ 4 bilhões repassados à indústria automotiva.
Os sindicalistas disseram temer que, em vez de as empresas
investirem, usem os recursos
para programas de demissão
voluntária. A ministra disse
que encaminhará a idéia, concordando que as empresas criaram "aversão a novos investimentos".
O debate com a CUT ocorreu
para discutir a conjuntura econômica do país. No primeiro
mandato de Lula (2003- 2006),
foi criado um fórum com participação de trabalhadores e empresários para debater a reforma trabalhista que, segundo
seus defensores, poderia reduzir o custo do emprego no país.
Mas, por falta de consenso, o
governo deixou a idéia de lado.
Na mesma linha de Dilma,
Mantega enfatizou que o governo continuará agindo para evitar aumento do desemprego.
"Nós ainda vamos continuar
gerando emprego e tomando as
medidas para que a economia
não deixe de crescer", disse
Mantega. Em reportagem da
Folha ontem, o ministro do
Trabalho, Carlos Lupi, admitiu
aumento do desemprego no
primeiro trimestre de 2009,
apesar dos números recordes
de geração de empregos formais registrados neste ano.
Ontem, em São Paulo, Lupi
disse que o governo ajudará os
setores mais atingidos pela crise e que, nesses casos, pode ampliar de cinco para dez o número de parcelas do seguro-desemprego. O ministro repetiu
também que o Banco Central
deveria abaixar rapidamente os
juros para estimular a produtividade e, "pelo menos, criar um
efeito psicológico positivo".
Colaboraram EDUARDO CUCOLO , da Folha Online, em Brasília, CLAUDIA ROLLI e VERENA
FORNETTI , da Reportagem Local
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