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Vale não descarta mais cortes, e Lula e Aécio cobram a empresa
MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Vale, Roger
Agnelli, não descarta a possibilidade de novas demissões na
companhia, dizendo que "tudo
vai depender da velocidade de
recuperação da economia
mundial". Anteontem foram
anunciados o corte de 1.300
funcionários e as férias coletivas para outros 5.550.
"A gente fez um ajuste em algumas operações, que fechamos temporariamente", disse
Agnelli, no Fórum de Líderes
Empresariais, anteontem.
Além do Brasil, há demissionários no Canadá e na Indonésia.
"Não adianta deixar o trabalhador na fábrica sem fazer nada. Ou vai para a casa, ou vai
treinar, ou aqueles que a gente
julga que dificilmente teriam
colocação dentro da companhia, a gente demite", afirmou
o presidente da Vale.
A empresa foi cobrada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e pelo governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Lula
criticou a política da Vale de investir, segundo ele, apenas na
produção de minério, em vez de
apostar em outros produtos, de
maior valor agregado. Porém,
preferiu ressaltar as contratações da empresa antes da crise.
"Uma coisa que a imprensa
não diz é que neste ano a Vale
contratou 6.200 funcionários.
Se a gente mostra apenas uma
cor, não permite que o mundo
tenha um colorido além daquela cor apresentada às pessoas."
Já Aécio reclamou da decisão
de demitir trabalhadores no
Estado e lamentou que as decisões não tivessem sido antecipadas a ele, para que pudesse
tentar interceder e "minimizar" o problema social.
Para enfrentar a crise, a Vale
está mantendo inalterados o
plano de investimento para
2009: o montante deve chegar
a US$ 14 bilhões, contra US$ 11
bilhões neste ano. "Preferimos
ajustar no curto prazo, mas
manter o longo prazo viável",
explicou Agnelli, ontem, em
um encontro do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
As demissões fazem parte
dessa estratégia, assim como a
paralisação das minas menos
rentáveis. Nesta categoria se
enquadra uma mina de níquel
no Canadá, cujas atividades serão paralisadas a partir de janeiro de 2009, segundo anunciou a empresa ontem. "Estamos fazendo ajustes no mundo
inteiro, porque a demanda diminuiu", afirmou Agnelli. Pelas
contas do executivo, a produção mundial das siderúrgicas já
caiu entre 30% e 50%.
O presidente da Vale espera
"meses muito agudos", sobretudo no primeiro trimestre de
2009. Segundo Agnelli, a Vale
"é a companhia brasileira mais
exposta [à crise global]". Ele espera que, em abril, parte dos
funcionários em férias volte ao
trabalho com a retomada de algumas das operações da Vale.
Colaboraram a Agência Folha e a Folha Online
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