São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vale não descarta mais cortes, e Lula e Aécio cobram a empresa

MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Vale, Roger Agnelli, não descarta a possibilidade de novas demissões na companhia, dizendo que "tudo vai depender da velocidade de recuperação da economia mundial". Anteontem foram anunciados o corte de 1.300 funcionários e as férias coletivas para outros 5.550.
"A gente fez um ajuste em algumas operações, que fechamos temporariamente", disse Agnelli, no Fórum de Líderes Empresariais, anteontem. Além do Brasil, há demissionários no Canadá e na Indonésia.
"Não adianta deixar o trabalhador na fábrica sem fazer nada. Ou vai para a casa, ou vai treinar, ou aqueles que a gente julga que dificilmente teriam colocação dentro da companhia, a gente demite", afirmou o presidente da Vale.
A empresa foi cobrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Lula criticou a política da Vale de investir, segundo ele, apenas na produção de minério, em vez de apostar em outros produtos, de maior valor agregado. Porém, preferiu ressaltar as contratações da empresa antes da crise.
"Uma coisa que a imprensa não diz é que neste ano a Vale contratou 6.200 funcionários. Se a gente mostra apenas uma cor, não permite que o mundo tenha um colorido além daquela cor apresentada às pessoas."
Já Aécio reclamou da decisão de demitir trabalhadores no Estado e lamentou que as decisões não tivessem sido antecipadas a ele, para que pudesse tentar interceder e "minimizar" o problema social.
Para enfrentar a crise, a Vale está mantendo inalterados o plano de investimento para 2009: o montante deve chegar a US$ 14 bilhões, contra US$ 11 bilhões neste ano. "Preferimos ajustar no curto prazo, mas manter o longo prazo viável", explicou Agnelli, ontem, em um encontro do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
As demissões fazem parte dessa estratégia, assim como a paralisação das minas menos rentáveis. Nesta categoria se enquadra uma mina de níquel no Canadá, cujas atividades serão paralisadas a partir de janeiro de 2009, segundo anunciou a empresa ontem. "Estamos fazendo ajustes no mundo inteiro, porque a demanda diminuiu", afirmou Agnelli. Pelas contas do executivo, a produção mundial das siderúrgicas já caiu entre 30% e 50%.

O presidente da Vale espera "meses muito agudos", sobretudo no primeiro trimestre de 2009. Segundo Agnelli, a Vale "é a companhia brasileira mais exposta [à crise global]". Ele espera que, em abril, parte dos funcionários em férias volte ao trabalho com a retomada de algumas das operações da Vale.

Colaboraram a Agência Folha e a Folha Online



Texto Anterior: Trabalhadores ameaçam greve contra demissão
Próximo Texto: Crise: Empresa reduz produção de níquel e cobre e adia projeto no Canadá
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.