|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foco
Mercado age como
adolescente após ter
diarréia, afirma Lula
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou ontem
que o mercado financeiro, ao
pedir ajuda ao "Estado que
eles negaram durante 20
anos", age como um "adolescente" após sofrer uma
"diarréia". Ele se comparou a
dom Quixote, o sonhador
personagem de Miguel de
Cervantes, por pregar o consumo durante a crise.
Em um discurso de 45 minutos repleto de metáforas,
Lula ilustrou sua "campanha" pelo consumo com a
história de um paciente.
"Imagine se um de vocês
fosse médico e atendesse um
paciente doente. O que você
falaria para ele? "Você tem
um problema, mas a medicina já avançou demais. Vamos dar tal remédio e você
vai se recuperar". Ou você diria: "Meu, sifu" [corruptela da
expressão vulgar "se fodeu']".
Na transcrição do discurso
no site da Presidência, a frase foi reproduzida desta maneira: "Meu, (inaudível)".
Lula falou da crise no lançamento do Fundo Setorial
do Audiovisual, no Palácio
Gustavo Capanema, no Rio.
Em tom ora irônico, ora revoltado, o presidente comparou a relação entre Estado
e mercado à de pai e filho.
"Era preciso vender todas
as empresas do Estado, mandar muito funcionário embora, aumentar tempo do
trabalhador no trabalho,
porque se aposenta com
pouco tempo, e daí afora. O
Estado não vale nada, só gasta. (...) Filho de 16 a 21 anos
não precisa de pai nem mãe.
Eles são onipotentes. Querem sair quando quiserem.
Querem todo o dinheiro da
gente e, por mais que a gente
dê, acha que é pouco. Ou seja,
o Estado é careta, não sabe
de nada, não é moderno, não
gosta de funk, rap... Filho,
quando tem dor de barriga,
gripe, não tem dinheiro, volta para casa. O que aconteceu com o famoso mercado
onipotente? Quando o mercado tem uma diarréia,
quem eles chamaram para
salvá-lo? O Estado que eles
negaram durante 20 anos."
Ao incentivar o consumo
na crise, Lula disse que trabalhadores serão demitidos
se pararem de comprar. "Você tem o trabalhador da fábrica, que está ouvindo falar
em crise. Ele fala: "Não vou
comprar um carro porque
posso perder meu emprego.
Se eu perder o emprego, eu
estou ferrado". Precisa alguém dizer que ele vai perder o emprego exatamente
por não comprar. (...) Às vezes eu me sinto como o dom
Quixote, sozinho tentando
pregar um otimismo de uma
coisa muito prática, que é fazer a economia girar."
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Empréstimos: Oferta de crédito tem recuperação em novembro, afirma BC Índice
|