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China planeja bases industriais na África
País discute com o Banco Mundial espécie de "Plano Marshall chinês" para incentivar a incipiente indústria subsaariana
Funcionários do governo chinês temem, porém, que relacionamento do país com a África seja visto como uma
nova forma de colonialismo
JAMES LAMONT
GEOFF DYER
DO "FINANCIAL TIMES"
O Banco Mundial e Pequim
estão discutindo a construção
de fábricas de baixo custo em
novas zonas industriais na África, a fim de ajudar o continente
a desenvolver uma base industrial e reverter o declínio em
sua participação no comércio
mundial.
Roberto Zoellick, o presidente do Banco Mundial, declarou
que Pequim havia demonstrado "forte interesse" pelas propostas de estabelecer bases industriais a fim de ajudar os países africanos a seguir caminhos
de alto crescimento, como os
dos países da Ásia.
"Existe não apenas disposição mas forte interesse entre
alguns de nossos contatos na
China, e discuti com Chen Deming, o ministro do Comércio,
a possibilidade de transferir algumas das instalações manufatureiras de menor valor, como
brinquedos ou calçados, para a
África subsaariana", afirmou
Zoellick ao "Financial Times".
Funcionários e estudiosos
chineses vêm debatendo propostas de usar parte das vastas
reservas cambiais do país a fim
de estimular a demanda nos
países em desenvolvimento
-ideias que ocasionalmente
são definidas como "o Plano
Marshall chinês".
No mês passado, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao,
prometeu US$ 10 bilhões em
empréstimos a baixos juros,
durante os próximos três anos,
o fim das tarifas sobre 60% das
exportações dos países mais
pobres e perdão das dívidas de
diversas nações.
Os empréstimos de Pequim a
governos não incluem as cláusulas políticas usuais em empréstimos ocidentais, e com isso atraíram críticas por ajudarem regimes impopulares a
manter o poder.
Alguns líderes africanos temem a competição chinesa em
áreas como os sapatos e produtos têxteis, que pode estar solapando a frágil base industrial
africana. Funcionários do governo chinês também se preocupam com a possibilidade de
que seu relacionamento com a
África seja visto como uma nova forma de colonialismo.
Zoellick disse que os países
africanos precisavam criar infraestrutura, sistemas de energia, transporte e serviços alfandegárias eficientes, que
atraiam investimentos chineses transformadores.
"Alguns desses setores industriais chineses têm o benefício de um conhecimento profundo sobre produção com uso
intensivo de mão de obra, e eles
contam com as redes de marketing, que sempre representam
um desafio no início de uma
operação", disse Zoellick, antigo secretário-assistente de Estado e ex-representante do governo norte-americano para
comércio internacional.
Mas qualquer plano de transferir produção à África que vá
além do plano simbólico deve
encontrar resistência. Pequim
vem resistindo à crescente
pressão internacional pela valorização de sua moeda em parte devido ao medo de perdas de
empregos entre exportadores.
Os governos no interior do
país também estão desesperados por atrair empregos aos
seus territórios, à medida que
crescem os custos de mão de
obra nas regiões costeiras.
Além disso, a principal motivação para um "Plano Marshall" chinês vem sendo a de
criar novas fontes de demanda
para as fábricas da China, e não
transferir sua produção ao exterior. O Ministério do Comércio, em Pequim, recusou-se a
comentar.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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