São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

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Consultor não acredita que haja manipulação

DA REPORTAGEM LOCAL

O consultor Emílio Garófalo, ex-diretor da área externa do Banco Central, diz não acreditar que ocorra manipulação do mercado de câmbio em dezembro. "São fatores aleatórios que têm derrubado as cotações nessa época do ano", diz ele.
Entre esse fatores ele cita o ingresso de cerca de US$ 3 bilhões em dezembro de 2000, para compra do Banespa pelo banco espanhol Santander. "Foi um fato atípico que derrubou o dólar na época, tanto que o Banco Central entrou comprando. Foi sua última compra no mercado. Desde então, ele só entra vendendo dólar", diz Garófalo. Naquele ano a variação cambial em dezembro foi pequena, com queda de 1,52%.
Já em 2001, o dólar despencou 7,44% no mês e, se for comparada a cotação de final do mês com a de pico do ano, o tombo foi maior -de 15,5%. "O que ocorreu foi uma grande puxada do câmbio durante o ano, em consequência da crise da Argentina, do racionamento de energia e do atentado de 11 de setembro nos EUA", justifica o consultor.
Em dezembro daquele ano, o dólar inverteu a tendência devido a uma "série de coincidências", segundo Garófalo. O Brasil "descolou" do risco Argentina, o racionamento chegava ao fim e a reação americana ao ataque terrorista foi bem menor do que se esperava no primeiro momento.
O ano passado, segundo ele, também foi atípico, devido às eleições. "Passada a eleição, o dólar começou a cair, depois voltou a subir com a demora do novo governo em anunciar seu ministério e recuou, novamente, com a divulgação dos nomes", diz ele.
No passado, segundo Garófalo, a tendência era de alta do dólar no final do ano. "O câmbio era fixo, e as empresas se esforçavam para encerrar o ano "limpas" do risco Brasil. Tiravam dinheiro do país em dezembro, e voltavam em janeiro sabendo que a taxa estaria no mesmo patamar", conta ele. "Hoje, eu não afirmaria que há manipulação para derrubar a taxa e, sim, um esforço para que não suba", diz. (SB)


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