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RECEITA ORTODOXA
Índice fechou 2005 com elevação de 1,22%; queda no preço no atacado foi decisiva para o resultado
Dólar baixo leva ao menor IGP-DI da história
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) fechou 2005 com alta de 1,22%, na
menor taxa anual do indicador,
que começou a ser elaborado em
1944 pela FGV (Fundação Getúlio
Vargas). Antes, os mais baixos índices foram os de 98 (1,7%), na recessão pré-crise cambial do ano
seguinte, e de 47 (2,73%), quando
os preços do café despencaram.
Em 2004, o IGP-DI foi de 12,14%.
Com seis meses em deflação
neste ano (algo inédito na história), o IPA (Índice de Preços por
Atacado) assegurou a alta discreta
do IGP-DI. Os preços no atacado
registraram deflação de 0,97% em
2005, sob efeito da retração dos
preços de alimentos, do menor
nível de atividade e da queda do
dólar. Em dezembro, o IGP-DI
subiu 0,07%.
A queda dos preços de algumas
commodities internacionais e o
recuo do dólar fizeram com que
os preços agrícolas no atacado
baixassem 6,34% em 2005, contribuindo para o IGP-DI baixo.
Em dezembro, a desaceleração
dos preços dos combustíveis e de
alguns alimentos fez o IPA ter
queda de 0,14%.
Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da
FGV, o câmbio foi o fator determinante para que o IGP-DI tenha
ficado tão baixo em 2005. O dólar,
diz, propiciou a queda das matérias-primas (como soja, milho,
aço e outros produtos com cotações internacionais), o que fez
cair também os preços de muitos
itens de consumo final.
Já Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista do Grupo de
Conjuntura da UFRJ, disse que
2005 foi um ano de fraco nível de
atividade (graças especialmente
aos juros altos), o que também levou à retração da demanda e,
conseqüentemente, dos preços.
Ele citou os exemplos de carnes,
leite, derivados de trigo e soja,
além de utilidades que levam aço.
Sob efeito das quedas no atacado,
esses produtos tiveram fortes retrações no IPC (Índice de Preços
ao Consumidor). O índice fechou
o ano de 2005 com alta de 4,93%.
Em dezembro, o IPC ficou em
0,46%, ante 0,57% em novembro.
No varejo, a inflação só não cedeu com mais força em 2005 por
causa dos reajustes de tarifas públicas e preços administrados. Puxaram a fila os ônibus urbanos,
que haviam subido pouco em
2004 por causa das eleições, e os
combustíveis. Com esses aumentos, o grupo transportes teve alta
de 9,23% em 2005. Também puxou o índice para cima o grupo
educação, cujos preços foram reajustados, em média, 5,49%.
Referência para os reajustes dos
serviços de telefonia, o IGP-DI
não terá neste ano uma variação
tão baixa como em 2005, prevê
Quadros. Ele diz que o indicador
que corrigirá a partir desse ano
apenas parcialmente as contas de
telefone deve ficar próximo a 3%
no acumulado até maio, período
utilizado para calcular o reajuste.
Neste ano, com a revisão dos
contratos de concessão, a Anatel
decidiu alterar a regra e calcular o
reajuste anual parte com base no
IGP-DI e parte usando um indicador que mede os custos do setor.
Freitas Filho, da UFRJ, estima
que o IGP-DI fechará 2006 com
alta de cerca de 5%. "No ano passado, aconteceu algo atípico, que
foi a combinação de economia em
desaquecimento e dólar em queda. Neste ano, o índice deve voltar
ao seu padrão normal", disse.
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