São Paulo, sexta-feira, 06 de janeiro de 2006

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Petrobras e Marítima podem chegar a acordo

DA REPORTAGEM LOCAL

Dono da Marítima, que construiu plataformas para a Petrobras e que está em briga judicial com a empresa, o presidente da Ocean Air, German Efromovich, afirmou ontem que a empresa está próxima de fechar um acordo com a estatal. "Existe uma boa vontade de ambas as partes de resolver essa pendência de uma maneira civilizada", afirmou.
Trocando acusações mútuas, a Petrobras e a Marítima brigam na Justiça brasileira e internacional, num contencioso que chega a US$ 2,5 bilhões. A disputa decorre do atraso na entrega de quatro plataformas de produção de óleo. Um grupo de trabalho da Petrobras avalia há dois meses uma proposta de acordo que foi feita pela empresa de Efromovich.
Sobre a polêmica causada pela utilização de Fokker-100 pela Ocean Air, o empresário afirma já contar com reações negativas dos passageiros, mas defende a segurança da aeronave. Leia trechos da entrevista concedida pelo executivo à Folha.
 

Folha - A Ocean Air não teme que o passageiro, ao tomar conhecimento que embarcará em um Fokker-100, tenha receio?
Efromovich -
Não é um temor, é um fato, isso vai ocorrer. Tem gente que desconhece o assunto, tem medo de avião e ponto. E gente também por mera ignorância vai dizer: "no Fokker-100 eu não subo". Mas no mundo inteiro, a American Airlines voou 150 desses aviões durante quase 15 anos, e não teve um incidente. É confortável, seguro, de rápida entrada e saída.

Folha - A tarifa cobrada pela Ocean Air deve ser mais baixa do que concorrentes como a Gol?
Efromovich -
Não dá para dizer que vai ser baixa ou alta porque tarifas variam. O que você voa por R$ 200, amanhã você pode voar por R$ 700 ou R$ 500. Não existe tarifa definida. A Ocean Air vai fazer suas tarifas dentro de sua expectativa de retorno, é empresa enxuta, eficiente e acreditamos que nossas tarifas serão competitivas. Não sei te afirmar se em determinado dia vão estar acima ou abaixo dos nossos concorrentes. Agora é muito importante ressaltar que a Ocean Air não tem a mínima intenção de iniciar uma briga de tarifas no mercado e fazer concorrência predatória.

Folha - A Varig ainda interessa à Ocean Air? Como foram as tratativas da Ocean Air em relação à aquisição da Varig?
Efromovich -
Em fevereiro de 2005 fizemos oferta pela Varig onde ela teria boa chance de conseguir ser reestruturada. Pretendíamos capitalizar a companhia em US$ 600 milhões, os credores seriam os mesmos que tínhamos acabado de negociar com a Avianca, sabíamos o que estávamos fazendo. Pretendíamos repetir isso em um tamanho maior com a Varig. Por algum motivo a proposta acabou não agradando aos responsáveis pela Fundação Ruben Berta. Nunca tive uma resposta além de um agradecimento por ter aprovado a proposta. Do jeito que as coisas estão hoje não temos interesse. Varig é patrimônio nacional, é muito triste o que está acontecendo com a companhia. Teria que se recuperar, mas com seus próprios meios, sou contra qualquer tipo de subsídio do governo.

Folha - Em que estado está hoje o processo judicial Marítima com a Petrobras?
Efromovich -
O que está sub judice está sob júdice, eu não falo. Mas o nosso relacionamento com a Petrobras está mudando, tivemos entregando outro dia a P-50, tive a oportunidade de conversar com o presidente Gabrielli [o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli]. Existe uma boa vontade de ambas as partes para de uma maneira civilizada, inteligente e sensata resolver essa pendência, o que só pode beneficiar a Petrobras, a Marítima e nosso país. A Marítima sempre foi um catalizador, sempre foi referência de preço. Entregamos equipamentos de produção equivalente de mais de um milhão de barris, seria mais de 50% da produção do país. A Petrobras reconhece isso, os equipamentos estão lá, da melhor qualidade, então nada mais sensato que isso ocorrer. Eu tenho certeza, pelo que tenho sentido, que caminhamos para isso.

Folha - A idéia então é buscar acordo?
Efromovich -
Não tenha dúvida, se depender da gente esse acordo sai amanhã.


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